O Iscte-Instituto Universitário de Lisboa vai receber em maio mais uma edição do Vet Nurse Update. Em 2025, o tema escolhido foi Hospitalização…da teoria à prática e a VETERINÁRIA ATUAL falou com Rui Máximo sobre os objetivos deste encontro.
Nos dias 10 e 11 de maio de 2025, o Iscte-Instituto Universitário de Lisboa receberá o 3.º Congresso Vet Nurse Update, sendo que, este ano, o tema escolhido para o encontro foi Hospitalização…da teoria à prática.
Rui Máximo, da comissão organizadora do congresso, explica à VETERINÁRIA ATUAL que a escolha do tema deveu-se ao facto de a hospitalização ser “uma das áreas mais importantes do funcionamento de um Centro de Atendimento Médico-Veterinário (CAMV) e um momento desafiante no percurso clínico de um paciente veterinário”, sendo que o sucesso do tratamento durante esse período “não depende apenas da competência médica, mas de competências de organização e comunicação e da qualidade dos cuidados prestados durante o internamento”.
Contudo, apesar da importância que esta área tem no quotidiano hospitalar veterinário, “a hospitalização nem sempre recebe a atenção necessária na formação contínua dos profissionais”, reconhece o médico veterinário. Daí que este congresso pretenda abordar alguns dos aspetos essenciais para acompanhar um doente aquando do seu internamento.
Programa diversificado: da prática clínica à saúde mental da equipa
O primeiro dia do congresso tem sessões agendadas que abordarão temas como os acessos vasculares, uma palestra do enfermeiro veterinário Tiago Abreu, as Boas práticas de fluidoterapia em hospitalização – Como administrar, o que administrar e como monitorizar será o tema abordado pela enfermeira veterinária Ana Lúcia Garcia, a que se segue a intervenção da médica veterinária Mafalda Pires Gonçalves sobre a temática Nutrição do paciente internado. Garantir a nutrição adequada na forma, conteúdo e quantidade.
  “O ambiente hospitalar, quando gerido com atenção ao bem-estar emocional dos animais, pode influenciar positivamente a recuperação.” – Rui Máximo, médico veterinário da organização do Vet Nurse Update
Ana Lúcia Garcia volta a intervir para falar sobre Exame físico e analítica básica do paciente hospitalizado. Qual a informação fundamental?, palestra à qual se segue a intervenção da enfermeira Tânia Coelho sobre a Identificação e maneio da dor.
O primeiro dia termina com a palestra do médico veterinário Pedro Almeida sobre Biossegurança – Um dever, uma obrigação nas boas práticas hospitalares.
O segundo dia do encontro começa com a palestra do médico veterinário Gonçalo da Graça Pereira subordinada ao tema Hospitalização e após a alta – considerações comportamentais para gatos e inclui também a palestra de Ângela Martins sobre A reabilitação do paciente hospitalizado, os cuidados que devem começar logo no internamento.
Além das temáticas mais ligadas à componente médica e de enfermagem, esclarece Rui Máximo, como “a hospitalização envolve não só a componente clínica, mas também a gestão emocional dos pacientes e dos tutores, tornando-se um campo multidisciplinar que exige competências técnicas e interpessoais”, o programa do congresso no segundo dia aborda também alguns assuntos mais direcionados para a vertente organizacional das equipas. Nesse campo, Miguel Moura Esteves, médico veterinário e formador em PLN (Programação Neurolinguística), irá intervir com uma palestra sobre Stress e Enfermagem: o que se passa e o que podemos fazer?, à qual se seguirá uma mesa-redonda para debater a temática Lidar com situações de tensão. A gestão de conflitos reais e emocionais.
Ana Lúcia Garcia apresentará ainda uma intervenção sobre Gestão da informação no internamento. Como deve o enfermeiro fazer esta gestão. Desde a passagem de casos à comunicação com os donos.
Nas declarações, Rui Máximo sublinha que “o congresso destaca estas áreas porque a excelência nos cuidados veterinários vai além da técnica. Passa também pelo bem-estar dos profissionais e pela forma como interagem com os pacientes e tutores”. Nesse sentido, reforça, “hospitalização exige não só competências técnicas, mas também resiliência emocional” e, por esse motivo, é necessário implementar estratégias de gestão de stress que ajudem os profissionais “a manter o equilíbrio emocional, melhorando o seu bem-estar e desempenho” e ajude a classe veterinária a sair dos lugares cimeiros das profissões com maiores níveis de stresse e de burnout.
A importância da comunicação entre os elementos da equipa veterinária, entre estes e os tutores e o equilíbrio mental dos profissionais estão ambos diretamente relacionados com os potenciais resultados terapêuticos de cada caso clínico. Afinal, lembra Rui Máximo, “uma equipa equilibrada emocionalmente e bem coordenada reduz o risco de erros clínicos e melhora a qualidade dos cuidados prestados. A comunicação clara e empática com os tutores fortalece a adesão ao tratamento e melhora a confiança na equipa veterinária. Pacientes menos stressados respondem melhor aos tratamentos. O ambiente hospitalar, quando gerido com atenção ao bem-estar emocional dos animais, pode influenciar positivamente a recuperação”.
Uma marca deste encontro é o destaque dado ao papel da enfermagem na equipa veterinária. Rui Máximo assegura que é uma escolha pensada, pois “os enfermeiros veterinários são os profissionais que mais tempo passam com os pacientes hospitalizados, desempenhando um papel crucial na sua recuperação”. A sua importância manifesta-se em várias áreas tão distintas como a monitorização dos pacientes, a administração terapêutica e o suporte técnico, o suporte nutricional, o bem-estar do paciente e a comunicação com os tutores, sendo que funcionam como um “elo entre a equipa médica e os tutores, transmitindo informações sobre o estado dos pacientes, explicando cuidados pós-hospitalares e ajudando a reduzir a ansiedade dos donos”.
Com este programa, de onde sobressaem palestras que abordam as principais dificuldades da prática clínica em internamento – como a carga de trabalho intensa, a gestão de recursos, a complexidade dos casos clínicos, o desgaste emocional e a comunicação entre profissionais e entre estes e os tutores – a organização “pretende abordar estas dificuldades e fornecer ferramentas para melhorar a experiência dos profissionais e a qualidade dos cuidados prestados”, remata o responsável.