Esta foi a pergunta de partida da primeira mesa-redonda das Conferências Veterinária Atual deste ano, na qual os oradores expuseram as melhores práticas de bem-estar animal, dando exemplos de como as concretizam no seu dia-a-dia profissional. Fique com as principais considerações deste debate.
A primeira mesa-redonda do evento foi dedicada ao bem-estar animal e à forma como os profissionais podem promover uma experiência positiva aos pacientes. A médica veterinária Helena Moreira afirmou que as pessoas não procuravam serviços na área de comportamento animal porque não tinham sequer conhecimento da sua existência. Através da criação de um serviço ao domicílio para verificar o contexto onde o animal vive, proporciona consulta de comportamento animal e de aconselhamento / preventivas, sendo as últimas as que gostaria que fossem mais procuradas num futuro próximo. “Temos sessões de modificação comportamental e de educação básica e tem sido positivo.”
Joana Pereira juntou-se ao debate para partilhar a aposta Centro para o Conhecimento Animal (CPCA) ao nível da formação, que acabou por ficar mais bloqueada durante a pandemia. “Gosto de acreditar que contribuo de forma prática enquanto médica numa clínica veterinária e tento aplicar o que sei no meu dia-a-dia e, ainda, transmitir este conhecimento a todos os profissionais de medicina veterinária para melhoria do bem-estar e diminuição de stresse.”
Diogo Santos, médico veterinário e chefe do serviço de anestesia e analgesia na VetOeiras começou por afirmar que à partida parece um pouco estranho um anestesista falar de bem-estar e que “o procedimento anestésico e analgésico tem mudado de paradigma ao longo dos anos. Existem técnicas muito fáceis de executar que ajudam a reduzir o stresse, a melhorar o bem-estar dos pacientes e a logística do hospital”. É essencial que os colegas tenham formação em anestesia locorregional baseada em evidência científica. “Devemos todos evoluir em conjunto.”
O médico veterinário também dedica parte do seu tempo a fazer consulta da dor e no planeamento multidisciplinar de maneio da dor crónica. “Inicialmente, há alguma resistência por parte dos tutores relativamente à execução das técnicas locorregionais mas a sua perceção melhora quando percebem que são aplicadas para maior conforto do animal e para que não sinta nada durante o procedimento cirúrgico”.
João Pedro Silva é diretor clínico da Animabilis e explicou que a sua clínica recorre ao reforço positivo na vacinação, por exemplo, e a preocupação com a analgesia conduziu a equipa a uma formação com Diogo Santos, colocando em prática algumas situações para gerir melhor a dor.
Tem-se vindo a notar um maior interesse na área de comportamento animal que se reflete nas consultas de Helena Moreira. “Ainda há famílias que usam métodos aversivos para uma resolução rápida de uma situação, mas que não recomendamos. Penso que há colegas que ainda se apoiam bastante na abordagem farmacológica, mas há que ensinar os animais a lidar com determinado comportamento por outras vias”, alerta a médica veterinária que não tem a medicação como primeira abordagem. “Trazendo algum enriquecimento ambiental à rotina diária, o animal vai sentir melhorias.”