Tal como os cães, os lobos (Canis lupus) também têm a capacidade de criar laços afetivos com os humanos. É a conclusão de um estudo publicado na revista científica “Ecology and Evolution”.
A investigação teve como objetivo investigar se os lobos, assim como os cães, conseguem diferenciar humanos familiares de estranhos e se apresentam comportamentos de apego semelhantes. Para isso, os cientistas estudaram lobos e cães com 23 semanas de vida que foram criados e socializados por humanos.
Os resultados mostraram que, tanto cães como lobos, distinguiam igualmente entre um estranho e uma pessoa familiar, e expressavam comportamentos de apego semelhantes em relação a uma pessoa familiar, sugerindo que a capacidade de estabelecer laços afetivos com humanos pode não ter surgido exclusivamente após a domesticação, como se pensava anteriormente.
“A domesticação influenciou significativamente a evolução do comportamento dos animais, mas os nossos resultados indicam que a base para essa capacidade já estava presente nos lobos”, destacaram os cientistas.
Os investigadores afirmaram ainda que esta capacidade afetiva pode ter permanecido devido à seleção natural, que poderá ter favorecido indivíduos mais sociáveis durante o processo evolutivo que levou ao surgimento do cão dos dias de hoje.
Além disso, os investigadores apontam que esta capacidade dos lobos em criar laços afetivos com os humanos pode ser observada em lobos de diferentes idades, e não apenas em lobos bebés.
“Estudos indicam que os cães foram domesticados há cerca de 40 mil anos a partir de populações de lobos agora extintas, tornando-se a primeira espécie domesticada pelo homem. Durante esse processo, os cães passaram por mudanças comportamentais, como a redução da agressividade e do medo, enquanto desenvolveram uma maior sociabilidade e ligação com os humanos”, explicam os cientistas.
E continuam: “e embora outras espécies domesticadas também criem laços afetivos com humanos, os cães são os que melhor se adaptaram à convivência com as pessoas. Alguns estudos sugerem que os cães formam vínculos com os seus tutores semelhantes aos laços entre as crianças e os seus pais, reforçando a ideia de que essa capacidade foi intensificada após a domesticação”.