Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona revelou que alguns répteis de companhia muito comuns — como os geckos-leopardo e os dragões-barbudos — podem ser transmissores de bactérias perigosas para a saúde humana, incluindo algumas que são difíceis de tratar com antibióticos.
Durante a investigação, foram recolhidas 132 amostras da boca e da zona intestinal de répteis saudáveis, estando os cientistas à procura de bactérias resistentes a antibióticos usados para tratar infeções graves.
Os resultados mostraram que cerca de 17,9% dos animais analisados tinham este tipo de bactérias. As mais comuns foram do tipo Citrobacter e Klebsiella — microrganismos que, em certos casos, podem causar infeções em pessoas, sobretudo com o sistema imunitário mais frágil. Além disso, alguns destes microrganismos continham genes que os tornavam ainda mais resistentes aos tratamentos habituais.
“Estes resultados destacam o potencial destes répteis na disseminação de bactérias resistentes a antibióticos, especialmente em ambientes urbanos, onde o contacto entre humanos e animais é frequente”, afirmaram os investigadores.
Dada a relevância zoonótica destes microrganismos — ou seja, a sua capacidade em serem transmitidos de animais para humanos —, os autores do estudo sublinharam a importância de uma vigilância contínua e do uso responsável de antibióticos, tanto na medicina veterinária como na medicina humana, para travar a propagação da resistência antimicrobiana.
A equipa de investigadores alertou ainda para a necessidade de manter boas práticas de higiene no contacto com estes animais e para a importância de considerar a saúde dos humanos, dos animais e do ambiente como estando interligada — “One Health”.