Muito se especula sobre qual será o futuro do setor veterinário. Não só em Portugal, como no mundo inteiro. A galvanização e polarização da medicina veterinária a um patamar que dificilmente vislumbraríamos há uns anos, tem proporcionado muitas parcerias, aquisições, oportunidades de negócio e especulações de mercado. Segundo o Grand View Research, realizado à escala mundial, o mercado global de serviços veterinários foi avaliado em 97,34 biliões de dólares em 2020 e deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 5,7% de 2021 a 2028. O mercado global é fundamentalmente impulsionado por um aumento significativo de zoonoses e doenças transmitidas através de alimentos. Os serviços veterinários desempenham um papel importante na proteção da saúde e bem-estar animal e na manutenção da segurança sanitária nas relações comerciais internacionais. Além disso, também ajuda a salvaguardar a saúde pública e a garantir a segurança alimentar.
De acordo com o artigo publicado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), a procura por alimentos de origem animal está a crescer globalmente, o que inclui a procura por carne que deve chegar a 445 milhões de toneladas até 2050. A pandemia da covid-19 acelerou a tendência de aumento das compras online em detrimento das unidades físicas. Dos cerca de 97 biliões de dólares, somente os EUA representam uns impressionantes 43%! O segundo mercado a nível global é a Europa, seguido da zona da Ásia-Pacífico.
Comprova-se que os serviços veterinários têm vindo a ganhar terreno no negócio veterinário e que a tendência para os próximos anos é de uma acentuação da mesma, com particular enfoque na medicina preventiva. Em paralelo, presume-se que um número crescente de iniciativas governamentais para garantir a segurança alimentar e biossegurança acelere a adoção de serviços veterinários no setor pecuário em todo o mundo.
  De uma forma geral, Portugal não é um caso isolado de sucesso e está a acompanhar esta tendência de crescimento global do mercado veterinário, que, como já previa, deverá continuar a crescer de forma sólida e sustentada, ainda que a um ritmo menos acelerado nos próximos anos.
Os animais de companhia são indubitavelmente uma parte importante da vida de muitas pessoas, verdadeiros membros de família, e o confinamento em contexto pandémico aumentou a consciência dos tutores para a sua saúde e bem-estar. Há cada vez mais cães e gatos, há mais faturação nos centros veterinários e a transação média por visita tem vindo a aumentar. Em paralelo, e aproveitando este momentum na veterinária, as empresas da indústria introduziram novos produtos, ferramentas de diagnóstico e serviços para corresponder à crescente procura dos tutores.
O mercado deverá registar um crescimento interessante em 2021, alcançando os 108,3 biliões de dólares, traduzindo uma taxa de crescimento de 11,0% em relação ao ano anterior.
O segmento dos animais de produção dominou o mercado em 2020, representando uma receita superior a 61%. Este facto deve-se essencialmente à presunção de que há uma maior preocupação com a segurança e sustentabilidade dos alimentos por parte das organizações governamentais de saúde em todo o mundo. Os aparelhos governamentais dos vários países estão a esforçar-se para alcançar a segurança alimentar total, o que impulsiona a produção de alimentos em grande escala e resulta numa maior criação de gado.
De uma forma geral, Portugal não é um caso isolado de sucesso e está a acompanhar esta tendência de crescimento global do mercado veterinário, que, como já previa, deverá continuar a crescer de forma sólida e sustentada, ainda que a um ritmo menos acelerado nos próximos anos.
*Artigo de opinião publicado originalmente na edição n.º 155 da revista VETERINÁRIA ATUAL, de dezembro de 2021.