A médica veterinária Gisélia Alcântara analisou o comportamento dos médicos veterinários na prescrição de antibióticos, em clínica de animais de companhia. Os resultados foram apresentados nas Conferências Veterinária Atual. Fique com as principais considerações do estudo.
O evento terminou com a apresentação do estudo “Antimicrobial resistance in companion animals – Veterinarians’ attitudes and prescription drivers in Portugal” pela investigadora Gisélia Alcântara, ex-aluna do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto que participou através de uma gravação via Zoom. Este estudo analisa o comportamento dos médicos veterinários na prescrição de medicamentos na clínica de animais de companhia realizado entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, com a participação através de resposta voluntária a um questionário por parte de 417 médicos veterinários.
A autora referiu que existe uma era antes e depois da covid-19 porque “devido à pandemia, a procura e a adoção de animais de companhia aumentou 32% em Portugal e, com isso, aumenta a pressão dos tutores na procura de um medicamento que possa solucionar rapidamente a condição do seu animal”. Este estudo quis perceber o que leva os veterinários a prescrever antimicrobianos, qual a influência que eles têm e quais são os medicamentos mais prescritos. “73% dos nossos respondentes são mulheres, 47% tem entre 31 e 42 anos e 42% tem até seis anos de experiência em clínica de animais de companhia”.
No que respeita ao perfil dos veterinários prescritores, o estudo concluiu que se dividem em dois grupos: os que preferem a prescrição empírica (baseada em sintomas, sinais dos animais e na experiência clínica dos médicos veterinários) e os que privilegiam a prescrição com protocolo que têm como base uma determinada guideline internacional. Ambos os grupos valorizam a eficácia como elemento crucial de prescrição de antimicrobianos, mas, os primeiros procuram uma resolução rápida dos sintomas, não prescreve nenhum tipo de teste de sensibilidade, levando-os a procurar antimicrobianos de espetro mais alargado. São veterinários com idade acima de 43 anos. Já o segundo grupo prefere prescrever com protocolo e antimicrobianos de espetro menos alargado, levando em maior consideração a resistência antimicrobiana.
O estudo veio demonstrar o quanto o médico veterinário tem um papel fundamental na resistência antimicrobiana e Gisélia Alcântara concluiu que “um protocolo português poderia levar em consideração as situações clínicas mais frequentes nos CAMV nacionais e vir a ser mais útil do que as guidelines internacionais”. A segunda parte do estudo está em evolução e será publicada em breve.