Uma investigação do programa VetCompass, do Royal Veterinary College (RVC), no Reino Unido, revelou novos dados sobre a sobrevivência de cães diagnosticados com hemangiossarcoma, um dos cancros mais agressivos em animais de companhia.
De acordo com a análise, contrariando a ideia generalizada de que o diagnóstico equivale a uma sentença de morte imediata, o estudo demonstra que os resultados podem variar significativamente, consoante a localização do tumor e o tipo de tratamento adotado.
Os autores explicam que o hemangiossarcoma é um cancro maligno que se desenvolve nos vasos sanguíneos e é frequentemente diagnosticado em cães mais velhos. Devido à sua progressão rápida e prognóstico reservado, muitos tutores e veterinários optam pela eutanásia, logo após o diagnóstico. Contudo, os dados agora divulgados sugerem que essa decisão precoce poderá estar a distorcer a perceção geral sobre as possibilidades de sobrevivência.
A equipa de investigadores analisou os registos clínicos de 788 cães diagnosticados com hemangiossarcoma em 2019, no contexto da prática veterinária geral, tendo concluído que o tempo médio de sobrevivência foi de apenas 9 dias, com apenas 12% dos cães a viverem mais de um ano após o diagnóstico. No entanto, os resultados variaram amplamente entre os casos.
Assim, os investigadores concluíram que cães com tumores cutâneos viveram, em média, 119 dias, com 43,2% a ultrapassarem um ano de sobrevivência. Já os cães com tumores internos, como o hemangiossarcoma esplénico, apresentaram um tempo médio de sobrevivência de apenas quatro dias, com 16% a sobreviverem além de um ano.
As formas cardíacas e hepáticas da doença foram as mais graves, com um tempo médio de sobrevivência de zero dias e taxas de sobrevivência ao final de um ano de 3% e 3,9%, respetivamente.
Cães com diagnóstico confirmado por biópsia histopatológica tiveram um tempo médio de sobrevivência de 105 dias e 28% sobreviveram, pelo menos, um ano, sugerindo benefícios significativos para casos diagnosticados precocemente e com possibilidade de intervenção cirúrgica.
O estudo salientou ainda que cães submetidos a cirurgia e com tumores de menor dimensão apresentaram melhores resultados. Assim, os autores destacam a importância de uma comunicação cuidada entre veterinários e tutores no momento do diagnóstico, uma vez que a perceção errada do prognóstico poderá levar a decisões precipitadas.
Com um intervalo de sobrevivência que, em alguns casos, chegou aos 1.789 dias (quase cinco anos), a investigação reforça a necessidade de avaliar cada caso individualmente, promovendo abordagens mais informadas e personalizadas para cães com hemangiossarcoma.

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