Um novo estudo da Universidade Eötvös Loránd (ELTE), na Hungria, revelou que, apesar de alguns comportamentos positivos associados a cães braquicefálicos, como a calma e uma menor reatividade, estes animais tendem a ser menos obedientes e mais difíceis de treinar, especialmente quando não recebem uma educação adequada.
Estudos anteriores já tinham mostrado que estes cães fazem mais contacto visual com as pessoas e são mais eficazes a seguir gestos humanos do que outras raças.
No entanto, os investigadores quiseram perceber se esse comportamento se deve realmente à forma do crânio ou ao modo como são tratados pelos tutores. Para isso, analisaram dados de mais de 5.000 cães de raça braquicefálicas avaliando traços de personalidade, problemas comportamentais, cuidados recebidos e características dos tutores.
Assim, os investigadores concluíram que os cães braquicéfalos parecem, de forma geral, mais calmos e confiantes. Porém, também são mais difíceis de treinar, têm mais resistência a obedecer quando chamados e tendem a reagir de forma exagerada à chegada de visitas, sobretudo quando são pequenos, jovens, vivem apenas em casa e são pouco disciplinados.
Segundo o estudo, estes cães tendem a ser escolhidos por tutoras jovens, sem experiência com animais de companhia, que vivem sozinhas e tratam-nos como uma companhia próxima, permitindo-lhes, por exemplo, dormir na cama. Tudo isso influencia o comportamento e pode esconder os efeitos reais da forma da cabeça.
Ainda assim, alguns traços parecem estar geneticamente ligados ao formato do crânio, avançam os cientistas, referindo que estes cães são menos propensos a saltar sobre as pessoas, puxar pela trela ou reagir em excesso, desde que sejam devidamente treinados.
Desta forma, a investigação concluiu que estes cães têm características positivas naturais, mas que essas qualidades só se manifestam quando o animal recebe um bom treino.