Uma nova investigação conduzida pelo Royal Veterinary College (RVC) e publicada no Journal of Veterinary Internal Medicine trouxe nova luz sobre a incidência, os fatores de risco e os desfechos clínicos associados à diabetes mellitus (DM) em gatos, no contexto da medicina veterinária de cuidados primários no Reino Unido.
Utilizando dados de registos de saúde eletrónicos recolhidos em clínicas veterinárias que integram o programa VetCompass, os investigadores analisaram, ao longo de 2019, uma amostra de gatos com diagnóstico confirmado de DM, comparando-os com um grupo aleatório de gatos saudáveis, para identificar possíveis fatores de risco.
O estudo revelou uma prevalência anual de DM de 0,39%, com o risco de incidência a registar-se nos 0,14% e o peso corporal médio dos gatos diabéticos era de 5,9 kg.
Os principais fatores de risco identificados foram: sexo masculino, esterilização, idade avançada e gatos sem raça definida (cruzados).
Já gatos de raça pura apresentaram uma probabilidade 0,71 vezes inferior de desenvolver DM em comparação com gatos de raça cruzada. Contudo, as raças Burmilla e Birmanesa demonstraram maior predisposição para a doença, enquanto os Bengal e Ragdoll apresentaram menor risco de diagnóstico.
A análise também concluiu que os gatos machos tinham quase o dobro da probabilidade de desenvolver DM em comparação com as fêmeas (69% dos casos eram machos e 36% fêmeas), e os gatos esterilizados tinham uma probabilidade ligeiramente superior de diagnóstico (comparativamente aos não esterilizados). A idade média dos gatos diagnosticados era de 11,8 anos, e o risco aumentava significativamente a partir dos 9 anos.
Um dos dados mais preocupantes do estudo é o elevado número de mortes. Mais de metade dos gatos diabéticos (51%) tinham morrido ou tinham recebido eutanásia no final do período de acompanhamento de três anos. A média de tempo entre o diagnóstico e a morte foi de apenas 68 dias.
Além disso, o estudo também concluiu que as taxas de eutanásia foram particularmente elevadas, representando 93% das mortes registadas, com os investigadores a destacar que 40% das eutanásias ocorreram nos primeiros 30 dias após o diagnóstico e 20% aconteceram nas primeiras 72 horas.
“Estas conclusões poderiam ajudar a reduzir as elevadas taxas de mortalidade precoce em gatos diabéticos, oferecendo informação adicional para aconselhar sobre planos de saúde para gatos mais velhos e informar os tutores sobre os riscos de doenças associados à idade avançada”, destacaram os investigadores.