Como surgiu o seu interesse por gatos?
Sempre gostei de gatos, mas em criança os meus pais nunca me deixaram ter um. Então acostumei-me a pedir emprestada a gata dos meus vizinhos e ia com ela para o quarto! Tive o meu primeiro gato aos 20 anos. Chamava-se Spooky, era uma gata muito nervosa pois tinha estado durante demasiado tempo num abrigo antes de a resgatar. Ensinou-me muito sobre gatos tímidos e escrevi sobre as nossas experiências no primeiro livro, Cat Confidential (Segredos de Gato)
E quando se tornou uma especialista em comportamento de gatos?
Em 1980 trabalhei numa instituição onde era responsável por um gatil com cerca de 60 gatos. Na altura sentia-me muito frustrada porque ninguém conseguia dar-me informações sobre o bem-estar psicológico dos gatos. Foi então que percebi que a escolha de um lar era muito importante, tendo em conta as necessidades de cada um dos gatos. Foi o que me fez procurar mais informação, mais conhecimento, até que encontrei Peter Neville, um dos pioneiros no estudo do comportamento dos gatos e que trabalhou de forma incansável para trazer o comportamento do gato para a linha da frente e a dizer a todos que ‘os gatos não são cães de pequeno porte’. Nessa altura recebi a minha qualificação como enfermeira veterinária e na década de 90 fiz vários cursos que me permitiram aumentar o meu conhecimento. O Dr. Neville viu algo em mim e passou a ser o meu mentou, ao ponto de me dar confiança para observar gatos com problemas de comportamento, para ganhar experiência. Até que o negócio começou a prosperar e fui convidada para integrar a Association of Pet Behaviour Counsellors como a sua primeira conselheira em comportamento de gatos.
Quando começou a aperceber-se que as pessoas não compreendiam os gatos?
No meu trabalho com gatos e desde muito cedo. O que me impressionou foi o facto de as pessoas fazerem suposições sobre o comportamento dos seus gatos e desenvolverem um ‘conhecimento’ baseado na sua própria interpretação antropomórfica. Isto significa que as teorias variavam dependendo da pessoa que fazia a pergunta, algumas baseadas no facto do gato ser um cão pequeno e outras no facto de ser um pequeno humano. Nenhuma está correta e continuo a partilhar conhecimento sobre o que está a acontecer realmente com os gatos. No entanto tenho de dizer que quanto mais aprendo sobre gatos mais chego à concussão que afinal sei muito pouco. Aprendo algo novo todos os dias.
Os gatos têm despertado um interesse crescente na comunidade veterinária. O que os veterinários ainda não sabem sobre os gatos?
Essa situação aconteceu no Reino Unido durante alguns anos e fico muito satisfeita por trabalhar com a International Society of Feline Medicine, uma organização fantástica que se esforça para dar a melhor informação mais prática a veterinários de todas as partes do mundo. Há tanto para aprender. No meu ponto de vista, o conceito mais importante a reter é quão perto a saúde física de um gato está relacionada com a sua saúde emocional. Alguns comportamentos incomuns ou inaceitáveis são na verdade um sinal de doença e alguns distúrbios emocionais podem causar doença – está tudo tão interligado que não posso imaginar como é possível um veterinário trabalhar com gatos sem ter este tipo de compreensão. Deve ser um desafio.
Está ansiosa pela sua palestra em Lisboa? O que vai explicar aos portugueses?
Estou nervosa, mas num bom sentido, e animada com a perspetiva de falar sobre o meu trabalho. Sou apaixonada pelo meu trabalho e preparei um programa que está repleto de dicas práticas e informação. Tenho tanto para partilhar e discutir, mas espero que seja divertido.
Nota: Ler entrevista na íntegra na próxima edição da Veterinária Atual
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