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Numelvi: Uma nova era no controlo do prurido e da inflamação na dermatite atópica canina

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A dermatite atópica canina é uma das doenças dermatológicas mais prevalentes e desafiantes na clínica de pequenos animais. Trata-se de uma condição inflamatória, pruriginosa e crónica, mediada por mecanismos imunológicos complexos e fortemente influenciada por fatores genéticos e ambientais. O impacto desta patologia vai muito além das lesões cutâneas visíveis: afeta o bem-estar do animal, a relação com o tutor e a própria dinâmica familiar.

Foi neste contexto que a MSD Animal Health Portugal organizou uma sessão técnica que reuniu profissionais e investigadores da área dermatológica veterinária, com o objetivo de partilhar avanços científicos e apresentar uma nova solução terapêutica: o Numelvi, um fármaco inovador desenvolvido para o alívio do prurido e da inflamação associados à dermatite atópica em cães.

 

O evento contou com duas apresentações complementares: “Doenças alérgicas da pele: desafios no diagnóstico e maneio clínico”, por Carolina Mesquita, médica veterinária e presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia Veterinária (SPDEV), e “O Futuro no Alívio do Prurido e da Inflamação”, por Inês Barbosa, médica veterinária da MSD Animal Health.

Inês Barbosa | Direitos reservados

Dermatite atópica: Uma doença de múltiplas faces

 

Na sua intervenção, Carolina Mesquita abordou a dermatite atópica como uma doença complexa e multifatorial, cuja manifestação resulta da interação entre predisposição genética, disfunção da barreira cutânea e resposta imune anómala a alergénios ambientais.

Segundo a médica veterinária, o prurido é quase sempre o sintoma inicial – intenso, persistente e progressivo –, podendo evoluir para lesões secundárias, como eritema, alopecia, piodermite ou liquenificação. Estes sinais, além de comprometem o conforto do animal, tornam o diagnóstico mais difícil, pois podem mimetizar outras dermatoses alérgicas.

 

“O diagnóstico de dermatite atópica é essencialmente clínico e de exclusão”, salientou Carolina Mesquita. “É fundamental seguir uma metodologia estruturada, excluindo causas parasitárias, infeciosas e alimentares, e valorizando a história clínica, o padrão das lesões e a resposta terapêutica.”

A médica reforçou ainda a importância de um plano de tratamento multimodal, que integre o controlo do prurido, a gestão das infeções secundárias, o reforço da barreira cutânea, a redução da exposição a alergénios e, sempre que possível, a imunoterapia alérgeno-específica.

Carolina Mesquita | Direitos reservados

 

O impacto clínico e emocional do prurido

O prurido não é apenas um sintoma, é um fator de sofrimento contínuo para o animal e um desafio diário para o tutor. A comichão constante leva à automutilação, distúrbios do sono e alterações comportamentais, além de gerar frustração e desgaste emocional nas famílias.

Carolina Mesquita destacou que a consistência no controlo do prurido é determinante para evitar a progressão das lesões e o agravamento da inflamação. “Quando o prurido não é bem controlado, a inflamação perpetua-se e o ciclo torna-se vicioso: o cão coça, lesa a pele, gera mais inflamação, e volta a coçar-se. É um processo que precisa de ser interrompido precocemente e mantido sob vigilância ao longo do tempo.”

Da corticoterapia à modulação seletiva das vias inflamatórias

Nas últimas décadas, o tratamento da dermatite atópica evoluiu significativamente. Se antes a corticoterapia era praticamente a única opção eficaz, hoje os clínicos dispõem de alternativas mais direcionadas e seguras.

Inês Barbosa, na sua apresentação “O Futuro no Alívio do Prurido e da Inflamação”, traçou uma linha de progresso que culmina agora com o Numelvi, uma molécula desenvolvida pela MSD Animal Health para atuar de forma seletiva nas vias de sinalização JAK responsáveis pela mediação de citocinas envolvidas tanto no prurido como na inflamação.

Esta modulação seletiva permite controlar o desconforto de forma rápida e eficaz, sem comprometer a resposta imunitária global — um avanço importante face a terapias mais amplas e inespecíficas.

“A inovação do Numelvi reside no seu equilíbrio entre rapidez de ação (o alívio do prurido começa em 2-4 horas após administração), eficácia sustentada e perfil de segurança”, afirmou Inês Barbosa. “O objetivo é proporcionar alívio clínico visível desde os primeiros dias, permitindo melhorar o bem-estar do animal e reforçar a adesão do tutor ao tratamento.”

Um novo aliado na gestão integrada da dermatite atópica

O Numelvi surge, assim, como uma ferramenta moderna no arsenal terapêutico dos médicos veterinários. O seu modo de ação seletivo sobre as vias JAK bloqueia a transmissão de sinais inflamatórios chave (como IL-31, IL-4 e IL-13), reduzindo de forma eficaz o prurido e a inflamação.

A farmacocinética favorável permite uma administração prática e resultados consistentes, ajustando-se tanto a fases agudas como a regimes de manutenção. Além disso, o perfil de segurança observado nos estudos clínicos da MSD demonstra boa tolerabilidade a longo prazo, um aspeto fundamental numa doença de curso crónico.

Para Inês Barbosa, o Numelvi representa “uma resposta científica a uma necessidade clínica real: controlar o prurido sem comprometer a imunidade, permitindo uma abordagem mais equilibrada e sustentável ao longo da vida do animal atópico.”

Gestão multimodal: O papel do clínico e do tutor

Ambas as médicas veterinárias concordam que o sucesso terapêutico na dermatite atópica não depende apenas do fármaco, mas sim de um plano personalizado e de um acompanhamento contínuo.

Este plano deve incluir:

– O controlo rigoroso de parasitas externos (como ácaros e pulgas);

– O maneio ambiental para reduzir a exposição a alergénios;

– O uso de dietas hipoalergénicas ou suplementação com ácidos gordos essenciais;

– A hidratação e reparação da barreira cutânea com produtos tópicos adequados;

– E, quando indicado, a imunoterapia alérgeno-específica.

O veterinário deve ainda investir na educação e envolvimento do tutor, explicando que a dermatite atópica é uma condição crónica e que o controlo, mais do que a cura, é o objetivo terapêutico principal.

“O tutor tem de perceber que esta é uma maratona, não uma corrida de 100 metros”, sublinhou Carolina Mesquita. “Quando o tratamento é bem seguido, conseguimos manter o cão confortável e funcional durante muitos anos, evitando crises e reduzindo a necessidade de terapias mais agressivas.”

O futuro da dermatologia veterinária: Ciência e personalização

Com o avanço do conhecimento sobre imunologia cutânea e o desenvolvimento de terapias de precisão, a dermatologia veterinária vive um momento de transformação. O Numelvi é reflexo dessa nova fase — uma terapêutica direcionada, concebida a partir da compreensão molecular da inflamação e do prurido.

Mas, como enfatizou Inês Barbosa, “a inovação não substitui o raciocínio clínico, complementa-o”. A correta escolha do tratamento depende de uma avaliação individualizada, da monitorização regular e da integração com outras medidas terapêuticas.

Um medicamento de nova geração e uma nova geração de RH: Que desafios?

No âmbito do lançamento do Numelvi, a MSD Animal Health convidou a Prof.ª Generosa do Nascimento (INDEG-ISCTE) a falar sobre “Gestão de Recursos Humanos: As diferentes gerações na clínica veterinária”, numa reflexão em torno do papel da gestão de pessoas num contexto marcado pela coexistência de várias gerações e pela necessidade de compreender as suas diferentes formas de pensar e agir.

Generosa do Nascimento | Direitos reservados

“Vivemos num mundo descrito como BANI – sigla inglesa para frágil, ansioso, não linear e incompreensível – onde a velocidade da mudança tecnológica e social desafia as organizações a adaptarem-se constantemente”, explicou a especialista em gestão de recursos humanos (RH), salientando que as clínicas veterinárias não são exceção, pois nelas convivem profissionais de diferentes idades, formações e expetativas, num ambiente onde o ritmo é intenso e as emoções estão sempre presentes.

De acordo com a docente, são as novas gerações que mais interpelam os modelos tradicionais de gestão. “A Geração Y (Millennials) e sobretudo a Geração Z chegam ao mercado de trabalho com uma visão muito diferente da dos seus colegas mais velhos. Cresceram num mundo digital, habituaram-se à rapidez, à comunicação imediata e à partilha constante de informação. Procuram propósito, flexibilidade, reconhecimento e um equilíbrio real entre vida pessoal e profissional”, sustentou.

Nas clínicas veterinárias, estas características traduzem-se em desafios concretos. Os jovens profissionais valorizam a aprendizagem contínua, o acesso a novas tecnologias clínicas e a possibilidade de participar em decisões. Esperam uma liderança próxima e transparente, que ofereça feedback frequente e oportunidades de desenvolvimento. Contudo, enfrentam também dificuldades: ansiedade, baixa tolerância à frustração, dificuldade em lidar com rotinas repetitivas e menor resistência emocional perante o sofrimento animal ou a pressão do atendimento.

Para os gestores, o desafio é duplo. Por um lado, integrar esta nova geração sem perder o conhecimento e a estabilidade dos profissionais mais experientes. Por outro, ajustar práticas de gestão que ainda se baseiam em hierarquias rígidas e comunicação vertical. No entender de Generosa do Nascimento, os líderes têm de aprender a equilibrar ritmos, expetativas e linguagens diferentes. Enquanto os veteranos valorizam segurança e previsibilidade, os mais jovens querem experimentar, questionar e inovar. O risco de conflito surge quando uma geração vê a outra como descomprometida ou inflexível.

No entender da professora, o papel do gestor de RH é criar pontes entre estas visões. Isso implica promover uma cultura de escuta, empatia e partilha intergeracional, onde o conhecimento dos mais velhos se alia à energia e criatividade dos mais novos. Requer também lideranças mais humanas, capazes de reconhecer o valor da diferença e de transformar o potencial da diversidade em colaboração.

Nas clínicas veterinárias, esta gestão torna-se particularmente sensível. O ambiente é emocionalmente exigente e o trabalho em equipa é essencial. A nova geração tende a preferir estruturas horizontais, maior autonomia e um ambiente de trabalho com propósito social. Cabe às lideranças traduzir essas aspirações em práticas realistas, assegurando simultaneamente qualidade, ética e bem-estar das equipas. O desafio passa por equilibrar a exigência técnica da medicina veterinária com as novas formas de trabalhar e comunicar.

Em jeito de conclusão, a preletora frisou que compreender as novas gerações não é uma questão de moda, mas de sobrevivência organizacional. O futuro das clínicas dependerá da capacidade de atrair, motivar e reter jovens profissionais, oferecendo-lhes não apenas um emprego, mas uma experiência de crescimento e sentido.

“No fundo, o maior desafio da gestão de RH atualmente é aprender a liderar num mundo em que o poder mudou de lugar: já não está apenas na hierarquia, mas na capacidade de inspirar. A nova geração quer contribuir, aprender e ser ouvida — e quem souber compreender isso, transformará as diferenças em verdadeira força coletiva”, rematou.

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