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VetEx: De portas abertas para todos, sejam periquitos ou nandus

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Pelas mãos da equipa do VetEx já passou um pouco de tudo: quatis, quincajus e até um nandu. No dia-a-dia de Daniel Castro, Rute Abreu e Filipa Fernandes os periquitos, coelhos e iguanas até são considerados pacientes comuns na lista de clientes deste centro de atendimento médico-veterinário (CAMV) especializado em animais exóticos. Abriram as portas em julho, mas já sonham vir a ser o primeiro hospital veterinário nacional dedicado só a estas espécies.

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Num dos consultórios do VetEx – Serviços Veterinários a Animais Exóticos decorre uma consulta de criador e Alexandra vai explicando a Rute Abreu como a Flor tem passado os últimos dias. A coelha de raça Mini Lop “teve um parto um pouco mais complicado e veio fazer raio-X para ver se está tudo bem”, conta a criadora à VETERINÁRIA ATUAL enquanto a médica veterinária faz a anamnese.

 

A tutora e criadora de coelhos de companhia está a ser atendida num dos três espaços para consultas do CAMV, o que é de média dimensão e fica mais perto da receção desta nova clínica que abriu em julho passado na Estrada da Luz, em Lisboa. Quase em frente fica o consultório mais pequeno que tem recebido, sobretudo, as aves pequeno porte pois não tem ar condicionado, nem janela, ou seja, não tem qualquer ponto onde estas se possam esconder se conseguirem escapar das mãos do tutor ou do médico veterinário. Já o consultório mais recolhido da clínica é o maior, nele sobressai a luz que entra por uma grande janela redonda e é usado frequentemente para receber quem chega pela primeira vez ao VetEx. “Aqui temos uma secretária maior, podemos estar sentados com o tutor a conversar calmamente.  Neste momento, este consultório é o mais usado para aquelas primeiras consultas de triagem, nas quais falamos sobre o maneio, sobre a alimentação, estamos mais detalhadamente a conversar com o tutor antes de iniciarmos o exame físico do animal”, explica Daniel Castro na visita guiada pelo CAMV.

“Ainda não existem hospitais veterinários só de exóticos em Portugal. Existem algumas clínicas que funcionam como um hospital, sem a parte de terem alguém durante a noite, e, por isso, temos o sonho de conseguimos dar esse serviço aos nossos clientes” – Daniel Castro, médico veterinário e sócio-gerente do VetEx

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Na zona mais sossegada da clínica ficam os dois internamentos, usados como zonas de recobro. Um é uma sala totalmente despida, desimpedida de móveis, onde ficam instalados os animais de maior porte. O médico veterinário diz que a intenção deste espaço é ser “o mais versátil possível”, com a hipótese de recorrer à colocação de parques para adaptar o momento do recobro ao animal em causa. Por esta sala já passaram coelhos, um mini-pig, uma cabra-anã e até um nandu. É, precisamente, para este grupo – de animais ainda mais exóticos dentro dos animais exóticos – que existe uma porta nas traseiras do CAMV por onde estes entram de forma discreta. Os tutores podem estacionar os veículos de transporte num estacionamento mais calmo do que a movimentada Estrada da Luz e os animais de maior porte passam por essa porta sem perturbarem, nem ficarem perturbados pelos outros clientes que aguardam na receção.

O outro recobro é mais tradicional, está equipado com as comuns jaulas de medicina veterinária, que no dia da visita da VETERINÁRIA ATUAL acolhem uma coelha, que será esterilizada ainda naquela manhã, e uma jovem codorniz. Daniel Castro conta que se trata de “uma codorniz de quinta. A tutora tem quatro, mas esta desde pequenina que tem problemas ortopédicos e estamos na fase de tentar estabilizá-la – tanto a nível médico, como muscular – sem recorrer à cirurgia”.

 

As instalações são despojadas, amplas, cheias de luz e anteriormente já estavam ligadas à área da medicina humana o que fez com que precisassem de poucas adaptações para se transformarem num CAMV especializado em animais exóticos. O branco impera, sem elementos decorativos para os animais que recebem não terem muitos estímulos visuais perturbadores.

Uma clínica a pensar num futuro hospital veterinário só para animais exóticos

 

A visita guiada segue até à zona dos profissionais – onde estes podem repousar, reunir para debater os casos clínicos e tratar da vida burocrática do CAMV – e às áreas mais técnicas do CAMV. O laboratório onde fazem as análises internas – hematológicas e bioquímicas – e a sala onde está o microscópio para avaliar as citologias.

No momento da visita da VETERINÁRIA ATUAL, o VetEx já dispunha de raio-X digital, um modelo escolhido tendo em conta as espécies recebidas na clínica, que vão desde hamsters de poucas gramas a porcos de companhia com algumas dezenas de quilos. O tabuleiro não suporta mais de 100 quilos e tem especificidades técnicas que permitem avaliar com bastante detalhe os animais mais pequenos. Contudo, a equipa trabalha com vários tutores que possuem quintas onde vivem animais de maior porte e até faz o acompanhamento de uma associação de proteção animal que acolhe animais de grandes dimensões – como porcos de produção resgatados de situações de maus-tratos ou cavalos – e, para esses casos, a clínica tem protocolos de colaboração com outros CAMV equipados com dispositivos capazes de aguentar animais de maior volumetria, aos quais recorrem também sempre que é necessário fazer uma avaliação por TAC. Quando a situação assim o exige, e se o porte do animal o permitir, a deslocação é feita no transporte do VetEx, com acompanhamento pelo profissional de saúde que assegurará a monitorização dos parâmetros físicos durante a viagem pré e pós-exame. Ainda no campo da imagiologia, a clínica tem um protocolo com uma médica veterinária que realiza os exames ecográficos por marcação no VetEx.

A sala de cirurgia, no dia da reportagem, já estava equipada para os procedimentos mais simples, como a esterilização da coelha que estava na sala de recobro, assim como para procedimentos dentários a lagomorfos e outros roedores. Daniel Castro reconhece: “Ainda não temos tudo como gostaríamos, por isso estamos a recorrer também a outros CAMV com quem já trabalhávamos e que estão mais bem equipados ao nível de ventilação mecânica, do TAC e quando temos cirurgias mais complexas – que necessitam de fazer TAC prévio ou após a cirurgia –  e, ao nível da endoscopia, ainda recorremos a esses parceiros”.

“Estava à espera de receber aves e coelhos. Um ou outro hamster, mas nunca pensei que as pessoas investissem tanto em certos animais que têm tão pouco tempo de vida” – Filipa Fernandes, auxiliar veterinária e sócia-gerente do VetEx

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A cirurgia de animais exóticos é uma faceta da medicina veterinária que exige uma grande capacidade de adaptação por parte dos profissionais, afinal, lembra o médico veterinário, “infelizmente, não temos muitos equipamentos específicos para pequenos animais. Quando estamos a falar de animais tão pequenos como um canário, um periquito, ou um hamster, com 20 ou 30 gramas, não temos equipamentos que sejam dedicados exclusivamente a essas espécies”. É preciso recorrer à imaginação e procurar as chamadas soluções fora da caixa que, a nível cirúrgico, podem passar pelo material utilizado na Oftalmologia humana e pela utilização do microscópio cirúrgico. Afinal, de que outra forma seria possível esterilizar um hamster-anão-russo?

Efetivamente, as portas do VetEx estão abertas há pouco tempo, mas a escolha do local foi estratégica a pensar no presente da clínica – a localização central e a necessidade de realizar poucas adaptações no espaço – e também naquilo que a equipa pretende concretizar no futuro. Com salas amplas e algumas ainda por utilizar, os olhos estão postos num aumento da atividade clínica que permita “crescer e evoluir para a categoria de hospital veterinário”, reconhece o clínico. Por enquanto, o objetivo ainda está no campo dos sonhos, mas, lembra Daniel Castro, “ainda não existem hospitais veterinários só de exóticos em Portugal. Existem algumas clínicas que funcionam como um hospital, sem a parte de terem alguém durante a noite, e, por isso, temos o sonho de conseguimos dar esse serviço aos nossos clientes. Sabemos que é uma falha que existe a nível da medicina veterinária, mas é preciso ter muitas condições reunidas para tal”.

Formar profissionais para um nicho cada fez maior

Para além da clínica e do hotel familiar para animais exóticos, os sócios-gerentes têm ainda a NACVET- Formação Veterinária em Novos Animais de Companhia, “a nossa vertente de formação para auxiliares, enfermeiros e médicos veterinários”, apresenta Daniel Castro.

Funciona tanto a nível interno para a equipa, como para profissionais de todo o País que pretendam ganhar conhecimentos na área dos exóticos e tem vários modelos de formação, desde webinars à componente prática realizada no VetEx. “Os formandos que se inscrevem na formação, podem ter acesso às instalações da clínica, estarem connosco no dia-a-dia a perceber como é que gerimos os casos clínicos e até podem gerir alguns casos que vão surgindo”, descreve o médico veterinário.

Um trio de sócios pouco comum

O CAMV está em funcionamento há pouco tempo, mas o corpo de profissionais que está à frente do projeto há muito que se conhece. A equipa tem três sócios-gerentes, Daniel Castro e Rute Abreu, ambos médicos veterinários, e Filipa Fernandes, auxiliar de veterinária. A eles juntaram-se Francisco Almeida, médico veterinário, Alessandra Oliveira e Guilherme Chaves também auxiliares, este último dedicado ao serviço de hotel para os animais exóticos.

Os três sócios passaram pela Faculdade de Medicina Veterinária de Universidade de Lisboa (FMV-ULisboa). Foi lá que Daniel e Rute se formaram enquanto médicos  veterinários e Filipa Fernandes trabalhou no Hospital  Escolar da FMV-ULisboa como auxiliar veterinária cerca de seis anos, de onde saiu para trabalhar numa clínica de exóticos durante 13 anos. A auxiliar veterinária lembra-se bem que logo na primeira semana nesse CAMV teve “de tratar uma tarântula que ficou internada para fazer nebulizações”, conta a rir. Depois vieram os coelhos, os periquitos, os, canários, os hamsters e todo um novo mundo de animais de companhia que lhe passava um pouco ao lado no hospital universitário. “Lá via uma cabrinha ou outra, mas, naquela altura, não tínhamos muita casuística de exóticos”, recorda, frisando que aproveitou para fazer todas as formações em animais exóticos que lhe foram surgindo no caminho para ganhar mais conhecimento sobre esse nicho profissional.

“Não quer dizer que os outros não sejam, mas noto nestes tutores um nível de exigência muito grande, adoram os animais e querem ao máximo que estes estejam confortáveis. Consideram-nos como filhos” – Rute Abreu, médica veterinária e sócia-gerente do VetEx

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Naquele tempo, os estudantes também não tinham muito contacto com esta área da medicina veterinária. Rute Abreu lembra que sempre gostou de “animais diferentes, sempre me senti muito à vontade com todo o tipo de animais”, mas foi com o decorrer do curso que a paixão por exóticos foi crescendo. Ainda assim, admite enfaticamente, era uma área que sentia estar “muito, muito, muito por explorar” na formação pré-graduada e, por esse motivo, ainda durante o curso universitário, procurou fazer vários estágios em clínicas de exóticos, assim como cursos online, e já formada acabou por acrescentar pós-graduações em Cirurgia e Endoscopia no estrangeiro. “A verdade é que em Portugal não tínhamos tanta abertura nestes cursos [direcionados a animais exóticos]”, recorda.

A história pessoal de Daniel Castro é semelhante. Cresceu entre periquitos, hamsters, porquinhos-da-Índia e sempre se interessou por espécies consideradas diferentes aos olhos dos outros, mas foi para medicina veterinária sem uma ideia predefinida da vertente a seguir. Experimentou a Virologia no laboratório, os animais de produção e foi nos estágios em clínicas de exóticos onde percebeu “que o caminho não podia ser outra coisa”. Aprimorou os conhecimentos na Polónia, na Bélgica pois, admite também, “infelizmente em Portugal ainda não temos uma grande oferta ao nível da formação em animais e exóticos” (ver caixa).

Mais tarde, os três cruzaram-se a trabalhar na mesma clínica e acabaram por sair desse local para abrir a própria empresa de consultoria em medicina veterinária de animais exóticos, um serviço que prestavam em CAMV e em espaços como quintas pedagógicas ou de particulares. “Inicialmente, tínhamos poucas clínicas parceiras, mas neste momento já temos um conjunto de quase 30 clínicas, de Aveiro até Évora. Começámos por trabalhar exclusivamente nessas clínicas e ao domicílio, mas no final do ano passado começou a fazer sentido termos o nosso próprio espaço, dedicado exclusivamente a animais exóticos, sem a confusão de ter um cão a ladrar na sala de espera ou os diferentes odores que deixam os nossos animais mais stressados”, conta o médico veterinário. Hoje continuam a fazer esse trabalho de consultoria em clínicas, hospitais e domicílios – seja com deslocações ou através de teleconsulta – e recebem também casos referenciados por colegas. Aliás, o médico veterinário é perentório: “Queremos ser um dos centros de referência de exóticos, principalmente da zona de Lisboa. Temos instalações, queremos crescer a nível de equipamentos e estamos a trabalhar muito em conjunto com outros colegas que nos referenciam casos, seja para exames de diagnóstico, para cirurgias ou para consultas”.

Os dois médicos veterinários e a auxiliar veterinária formam um trio de sócios pouco comum no ramo da gestão veterinária, mas Daniel Castro frisa que “a Filipa, a nível de auxiliar, fez os cursos típicos da profissão e trabalhou muitos anos na Faculdade, o que também lhe deu muito know-how a nível técnico e faz dela uma auxiliar com muitas valências e com muita experiência na área”.

Já Filipa Fernandes admite: “Este sempre foi o meu sonho e trabalhei toda a vida para chegar aqui. Este é o nosso sonho de vida”. Atualmente, ela própria dá formação a auxiliares, nomeadamente de grooming de coelhos, e é responsável pelo serviço de hotel que a equipa disponibiliza quando os tutores pretendem ausentar-se do domicílio.

Como se trata um porco com artrite?

Filipa Fernandes é, dos três, a que tem mais tempo de prática profissional e lembra-se bem que, ao princípio, a clínica de animais exóticos foi um mundo totalmente novo. “Estava à espera de receber aves e coelhos. Um ou outro hamster, mas nunca pensei que as pessoas investissem tanto em certos animais que têm tão pouco tempo de vida”, conta. Mas, a verdade, é que um canário pode ser a companhia da pessoa que vive sozinha e um hamster ser a alegria da criança quando chega da escola e, por esse motivo, “estes animais têm um peso sentimental muito grande no agregado familiar”, admite Rute Abreu. Aliás, a médica veterinária faz a analogia entre os tutores de animais exóticos e os tutores de gatos, pois entende que “são ambos muito exigentes, muito presentes. Não quer dizer que os outros não sejam, mas noto nestes tutores um nível de exigência muito grande, adoram os animais e querem ao máximo que estes estejam confortáveis. Consideram-nos como filhos”.

Dentro da clínica de exóticos o que tem crescido mais nos últimos tempos é a ligação com a medicina veterinária zoológica e de produção, com a proliferação de quintas pedagógicas e de quintas particulares, onde as pessoas vão criando animais que estávamos mais habituados a ver em quintas de produção ou jardins zoológicos. Rute Abreu assume que este mercado “hoje em dia, tem um impacto muito grande nas famílias portuguesas. Cada vez mais vemos famílias que têm galinhas, ovelhas, cabras ou porcos de estimação”, antes apenas vistos em quintas de produção, e já há também quem tenha camelídeos, tucanos, coatis e quincajus. A variedade de espécies seguidas pelas clínicas de exóticos é tal que Filipa Fernandes salienta que é preciso estarem sempre “preparados para reagir a qualquer animal que nos apareça em consultório”.

Apesar de tentarem trabalhar sempre por marcação, é um desafio para os médicos veterinários sempre que aparece um animal ainda mais diferente, pois para alguns “nem sequer existem valores de referência para as análises mais básicas do dia-a-dia”, sublinha Daniel Castro, que lembra um episódio bem recente: “Há pouco tempo tive de falar com um colega alemão sobre uma espécie muito particular, em Portugal devem existir uns 10 indivíduos, e para a qual não tinha valores de referência de rigorosamente nada a nível de análises sanguíneas. Por isso, precisei consultar esse colega que trabalha em instalações zoológicas na Alemanha”.

É trabalhar no desconhecido, apostar nas parcerias, estar muito atento ao que se vai publicando nas revistas científicas e ir tentando adaptar o conhecimento da clínica de animais de companhia mais comuns à população mais exótica. Não é fácil, admitem os três, e continua a ser um desafio com novidades diárias. Rute Abreu dá mais um exemplo: os porcos de produção, hoje considerados de estimação em muitas quintas de família, vivem mais anos e acabam por desenvolver doenças associadas ao envelhecimento que não se viam quando serviam apenas para consumo alimentar e nem sequer estão reportadas. “Estamos a ver porcos com doenças articulares bastante graves e não vamos lidar com eles como um animal de consumo que, antigamente, ia para abate. Vamos ter de fazer uma gestão da dor, com analgesia, e da inflamação. Ou seja, vamos estar a fazer a gestão de um caso clínico como se fosse outro paciente e vamos ter de adaptar [protocolos] porque é um caso que não está descrito em lado nenhum”, explica.

Mas está na hora de tratar de um caso bem mais simples e corriqueiro no CAMV: a esterilização da coelha que aguardava no recobro. A manhã da visita da VETERINÁRIA ATUAL parecia ter sido reservada para atender os roedores domésticos no VetEx, brincam os três sócios-gerentes.

Uma coelhinha (até agora) única no Mundo

Durante a conversa com a VETERINÁRIA ATUAL, Daniel Castro, Rute Abreu e Filipa Fernandes foram dando nota das dificuldades que sentem no campo da evidência dos cuidados a este grupo de animais em cada uma das áreas do saber que representam, mas reforçaram o esforço que fazem no sentido de contribuir para o aumento do conhecimento científico na veterinária.

No VetEx, cada consulta pode abrir portas para uma nova aprendizagem que será importante divulgar junto da comunidade e, assim, ajudar outros animais nas mesmas circunstâncias. Foi o que a aconteceu com uma coelha de companhia. Daniel Castro lembra que “era um caso um bocadinho mirabolante. Vinha com várias apresentações a nível digestivo, a nível ocular e estivemos várias noites a estudar o caso, a ver os exames que já tínhamos feito e a fazer novos exames”. A tutora, “que foi espetacular”, teve a vontade e a possibilidade de investigar a fundo o que poderia estar por trás dos sintomas que o animal apresentava, entre eles conjuntivite seca, doença dentária crónica e disfagia. Recolhida toda a informação, o diagnóstico foi, de certa forma, surpreendente: Síndrome de Sjögren. “Só estava descrito em medicina humana e nós descrevemos nesta coelha que, infelizmente, acabou por falecer. Mas apresentámos o case report no ICARE [International Conference on Avian, Herpetological, Exotic Mammal, Zoo and Wildlife Medicine, que em 2024 decorreu na Bélgica] com todos os colegas presentes”. É um caso demonstrativo do muito que ainda falta conhecer na medicina de animais exóticos e também de como os exames complementares de diagnóstico em medicina veterinária, “ainda precisam de ser mais aprimorados. Neste caso até tivemos de ir fazer exames em laboratórios de medicina humana”, lembra o clínico.

*Artigo publicado na edição 197, de outubro, da VETERINÁRIA ATUAL

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