A osteoartrite é uma realidade clínica cada vez mais presente — não apenas nos cães seniores, mas também em cães jovens. No entanto, continua a ser uma condição subvalorizada e, muitas vezes, subdiagnosticada nesta faixa etária. O que nos dizem os dados mais recentes? E como pode a medicina veterinária responder de forma mais eficaz e segura aos desafios do diagnóstico precoce, tratamento crónico e comunicação com os tutores?
No novo episódio do Podcast da Veterinária Atual, juntaram-se Luís Chambel, cofundador da VetOeiras e responsável pelos Serviços de Ortopedia e de Neurologia, e Rita Gordo, médica veterinária e Technical Consultant Pet Health Iberia PT da Elanco, para uma conversa sobre os desafios do diagnóstico precoce, gestão da dor e papel do médico veterinário na resposta a esta patologia crónica e progressiva.
“A osteoartrite canina é uma doença secundária a patologias primárias, como a displasia do cotovelo e da anca”, começa por sublinhar Luís Chambel, acrescentando que esta é uma condição complexa, de abordagem terapêutica exigente, que pode acompanhar o animal desde os seis meses até ao fim da vida.”
A dor associada à osteoartrite é muitas vezes mal interpretada pelos tutores. Ao contrário da dor aguda — normalmente tratada com anti-inflamatórios ou repouso — a dor crónica desenvolve-se de forma silenciosa, resultado da sensibilização progressiva do sistema nervoso periférico e central.
“Há uma perceção errada de que, se o animal não chora, não tem dor. Mas a dor crónica manifesta-se de forma diferente — com alterações no comportamento, dificuldade em movimentar-se ou até claudicação (cocheio)”, explica o médico veterinário.
Esta dificuldade na perceção e comunicação da dor torna ainda mais essencial o papel do médico veterinário como educador e orientador terapêutico.
Apesar de se saber que um terço dos cães só são diagnosticado com osteoartrite depois dos oito anos, os sinais clínicos podem surgir muito mais cedo. Displasias da anca e cotovelo, ruturas do ligamento cruzado anterior e luxações de patela são algumas das patologias primárias que desencadeiam esta doença degenerativa.
“Não estamos perante uma doença linear ou de tratamento rápido. A abordagem terapêutica deve ser contínua, ajustada ao caso clínico, e envolver todos: médico veterinário, tutores e também a indústria”, defende Rita Gordo. “É um papel exigente, porque cada animal requer uma estratégia personalizada. A formação contínua dos profissionais e o acesso às ferramentas certas são essenciais.”
Ouça o episódio na íntegra aqui.

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