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Humanização, prevenção e tecnologia estão a redefinir o setor pet care em Portugal

Humanização, prevenção e tecnologia estão a redefinir o setor pet care em Portugal iStock

Um novo estudo nacional, PetPulse Insights, conduzido pela UPPartner, revelou mudanças estruturais na forma como os portugueses cuidam dos seus animais de companhia. A humanização, a procura por cuidados preventivos e o interesse crescente por soluções tecnológicas estão a redefinir a medicina veterinária e todo o ecossistema pet care.

 Segundo o estudo, que analisou 483 tutores em todo o país e incluiu sessões qualitativas, 95% dos tutores consideram o seu animal “parte da família”, descrevendo uma relação emocional intensa que impacta rotinas, decisões de consumo e expectativas em relação aos serviços veterinários. Esta ligação reforçada traduz-se em níveis elevados de dedicação e investimento, colocando o bem-estar animal no centro da dinâmica familiar.

 

Rotinas ajustadas ao pet e procura por conveniência
De acordo com a análise, a presença do animal molda horários, deslocações e até escolhas de casa e de férias. Há forte preocupação com o bem-estar, mas também sentimento de culpa associado à falta de tempo. Este cenário tem impulsionado a procura por soluções flexíveis, como serviços veterinários ao domicílio, já utilizados por 39% dos tutores, especialmente entre públicos urbanos e mais jovens.

Alimentação é a categoria mais valorizada
A nutrição surge como área-chave, com 97% dos tutores a utilizarem ração seca, frequentemente complementada com húmida, snacks ou comida caseira. A alimentação é entendida como um investimento direto na saúde do animal, e a recomendação veterinária é o principal fator de escolha (35,8%), acima do preço.

 

O estudo confirmou ainda uma tendência para produtos premium, funcionais e orientados para a hidratação e bem-estar específico, apesar de persistirem dúvidas sobre rotulagem e claims nutricionais.

Confiança nos veterinários elevada, mas visam melhor experiência clínica
O setor veterinário mantém um papel central nas decisões de saúde e na escolha de alimentação. Contudo, a satisfação global com a experiência em clínica é apenas moderada, penalizada pela perceção de preços elevados, stress nas salas de espera e ausência de espaços adaptados a cães e gatos.

 

Ainda assim, a procura por especialidades e cuidados preventivos cresce, alinhada com tendências internacionais.

Seguro de saúde animal: pouca adesão, grande potencial
Segundo o estudo, apenas 15% dos tutores têm seguro de saúde para os seus animais. No entanto, o estudo identificou um interesse futuro elevado, sobretudo entre Millennials, Gen Z e classes média e alta. O prémio mensal e a cobertura de doenças graves são os critérios mais relevantes.

 

A análise concluiu também que o mercado apresenta, assim, um enorme potencial de crescimento, especialmente através de modelos combinados que integrem prevenção, telemedicina e wearables.

Tecnologia e wearables: adoção reduzida, curiosidade elevada
Só 23% dos tutores utilizam tecnologia pet, quase sempre para geolocalização. A monitorização de saúde através de wearables é residual (0,6%), mas 40% mostraram interesse em saber mais, sinalizando um mercado em fase embrionária e pronto a escalar quando forem ultrapassadas barreiras como o preço, conforto e desconhecimento.

A aceitação da IA como complemento ao trabalho do veterinário confirmou também o potencial para soluções híbridas.

Um mercado em rápida evolução
O estudo concluiu que Portugal segue as tendências europeias, desde humanização, premiumização e digitalização, mas com características próprias: maior envolvimento emocional, forte confiança nos veterinários e menor adoção tecnológica. Para o setor veterinário, isto traduz-se em oportunidades claras:

– Reforço da prevenção e da literacia em saúde;
– Melhoria da experiência clínica, com empatia e ambientes adaptados;
– Planos de saúde modulares e seguros acessíveis;
– Integração de tecnologia com valor clínico;
– Nutrição como eixo de fidelização e aconselhamento.

Assim, a investigação confirmou que os tutores portugueses estão preparados para uma evolução do setor veterinário para modelos mais preventivos, integrados e personalizados, onde ciência, conveniência e vínculo emocional caminham lado a lado.

 

 

 

 

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