40% dos gatos e cães em Portugal têm excesso de peso ou obesidade. Mais de 40% dos médicos veterinários dizem que muitos tutores não percebem os riscos que estão muitas vezes ligados a outras doenças.
A conclusão é de um estudo da Royal Canin sobre hábitos alimentares e obesidade animal em Portugal, desenvolvido com a participação de médicos veterinários e tutores de gatos e cães.
Quando questionados sobre as causas do aumento de peso nos animais, 43% dos tutores referem a sobrealimentação e 41% a falta de exercício, refletindo um estilo de vida mais sedentário.
Dar restos de comida humana aos animais é uma prática comum, assumida por 49% dos portugueses, motivada pelo carinho (28%) ou por os verem como membros da família (37%).
Manter o peso saudável é difícil: 48% apontam a falta de exercício, 25% a dificuldade de toda a família seguir as recomendações e 18% dizem que os animais pedem comida com frequência.
Apesar da vasta informação disponível sobre nutrição animal, nem toda é cientificamente rigorosa. No caso do excesso de peso, 21% dos médicos veterinários dizem que essa desinformação dificulta a comunicação com os tutores e prejudica a saúde dos animais.
Segundo a análise, entre os tutores, 22% admitem não saber ao certo o que é um peso saudável. A principal fonte de informação é o médico veterinário (66%), seguida das redes sociais (13%) e de amigos ou familiares (13%).
Para 76% dos portugueses, a obesidade em cães e gatos tem aumentado nos últimos anos. A sensibilização é essencial, pois 38% dos tutores não reconhecem o problema e 30% não seguem as orientações dos profissionais.
Diferenças entre regiões
O estudo revelou diferenças significativas nos comportamentos dos tutores em todo o país, sobretudo entre os que têm entre 35 e 44 anos. No Algarve e na Beira Litoral, mais de 70% admitem alimentar os animais com restos de comida humana.
Nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, esta prática é menos comum, assumindo cerca de 55%. Por cidades, destaca-se maior prevalência em Coimbra e Setúbal (mais de 70%) e no Porto (68%). Já na Amadora e no Cacém (50%) e em Vila Nova de Gaia (44%), os tutores dizem não dar restos de comida aos animais e afirmam que não tencionam fazê-lo.
O acesso à informação também varia: no Porto e em Coimbra, 12% procuram conteúdos sobre nutrição animal nas redes sociais, enquanto em Lisboa (79%), Vila Nova de Gaia (85%) e Setúbal (81%) há maior confiança nos médicos veterinários como principal fonte de informação.
O estudo identificou ainda desafios regionais na comunicação e compreensão da informação. No Alentejo (29%), Beira Alta (25%) e Minho (21%), a desinformação e a linguagem científica difícil são barreiras que afetam cerca de um quinto dos tutores. Os dados mostram a importância de uma comunicação mais acessível por parte dos profissionais de saúde animal.
Outro fator comum em todas as regiões é a dificuldade dos tutores em resistir aos pedidos de comida dos animais. Essa dificuldade é mais evidente na Estremadura e no Douro Litoral, onde há maior falta de alinhamento familiar no cumprimento das orientações nutricionais.