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Cientista desenvolve tecnologia para traduzir e interpretar a linguagem dos cães

Cientista desenvolve tecnologia para traduzir e interpretar a linguagem dos cães iStock

O cientista especializado em comportamento animal, Con Slobodchikoff, passou décadas a estudar a forma como os cães-da-pradaria comunicam entre si. Agora, está a aplicar esse conhecimento para criar uma tecnologia que permita compreender o que os cães dizem — e o primeiro passo é ensinar máquinas a interpretar os seus sons.

Fundador e CEO da startup Zoolingua, o profissional está a desenvolver um sistema de inteligência artificial (IA) que promete traduzir latidos, ganidos e rosnados em linguagem humana.

 

“Estamos a construir um modelo de IA que permitirá às pessoas perceber o que os seus cães estão a tentar comunicar”, afirmou Con Slobodchikoff.

O projeto baseia-se nas investigações que realizou sobre os alertas sonoros dos cães-da-pradaria, que o levaram a concluir que muitos animais têm sistemas de comunicação mais complexos do que se pensava, tendo essa investigação sido destaque em documentários da BBC e Animal Planet, além de revistas como National Geographic e Smithsonian.

 

A ideia da Zoolingua nasceu após anos de trabalho com tutores de animais que, de acordo com o profissional, “apesar de a maioria dizer que compreende o que o cão está a tentar comunicar, 80% das vezes estavam errados e falham completamente”.

Combinando visão computacional e aprendizagem profunda, a IA em desenvolvimento pretende reduzir essa lacuna de comunicação. O objetivo passa por chegar além de frases simples como “quero sair de casa” e alcançar mensagens mais complexas, como “dói-me a barriga” ou “algo está errado com a minha pata”.

 

Quebrar preconceitos sobre linguagem animal
Para o cientista, muitas formas de comunicação animal cumprem os critérios linguísticos definidos nos anos 60 pelo linguista Charles Hockett, incluindo estruturas sintáticas, palavras abstratas e até unidades sonoras com significado.

No entanto, ainda há resistência à ideia de que os animais possam ter uma linguagem. “Os biólogos e linguistas preferem chamar-lhe comunicação, como se fosse algo instintivo, e não uma forma de pensamento intencional”, avançou.

 

Com base na sua experiência, Slobodchikoff acredita que tem as ferramentas certas para avançar e decifrar o que os cães nos tentam dizer.

“Tenho uma base sólida para perceber o que pode ser linguagem ou que sinais são relevantes. E estou a trabalhar com especialistas em informática para aplicar esse conhecimento e criar um produto útil”, realçou.

A equipa da Zoolingua está a treinar o sistema com vídeos e áudios de várias raças que, apesar das diferenças, “muitos cães compreendem a linguagem de outros cães”.

Slobodchikoff estima que uma versão inicial do produto possa estar pronta dentro de 18 meses e que, se for bem-sucedida com os cães, pretende alargar a tecnologia a outras espécies.

 

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