Graças a um apoio concedido em 2021, investigadores do Royal Veterinary College (RVC) concluíram um estudo pioneiro sobre biomarcadores tumorais no cancro pancreático felino, uma das doenças mais preocupantes em gatos. A investigação representa um passo importante para melhorar o diagnóstico e desenvolver tratamentos mais eficazes.
A investigadora principal, Alexandra Guillen, docente sénior de Oncologia Veterinária, explicou que o estudo confirmou a agressividade do carcinoma pancreático nos felinos, com apenas 17% dos animais a sobreviverem mais de seis meses após o diagnóstico.
Foram identificados biomarcadores como CD44, PD-L1, COX-2, E-cadherina e c-KIT, mas a sua presença não permitiu prever quais os pacientes que desenvolveriam metástases. Estes resultados evidenciam a dificuldade de tratar este tipo de cancro e reforçam a necessidade de novas abordagens terapêuticas e de diagnóstico.
“Ao identificar quais os biomarcadores presentes no cancro pancreático felino, criámos uma base para futuras investigações que poderão avaliar se estas proteínas podem ser usadas como alvo de novas terapias ou como ferramentas de diagnóstico”, explicou a cientista.
A investigadora destacou que a expressão de PD-L1 pode tornar promissoras as terapias baseadas no sistema imunitário e que a forte presença de CD44 na maioria dos tumores sugere um papel relevante no crescimento e disseminação da doença.
Os próximos passos incluem o estudo de um maior número de casos, a investigação de novos biomarcadores e a avaliação de terapias direcionadas, como imunoterapias ou fármacos que atuem sobre CD44 ou PD-L1. Estão igualmente previstas investigações para métodos de deteção precoce, uma vez que a maioria dos gatos é diagnosticada em fases avançadas da doença.
“O apoio a esta investigação está a fazer uma diferença real ao lançar luz sobre um cancro de que ainda sabemos muito pouco em gatos. Cada descoberta é um passo importante para compreender melhor esta doença e desenvolver tratamentos que possam oferecer a estes animais uma vida mais longa e saudável”, sublinhou a investigadora.

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