Uma nova investigação publicada na European Psychologist dá força científica ao que milhões de pessoas sentem: os cães são tratados como membros da família — e muitas vezes como verdadeiros filhos.
O estudo reuniu contributos da biologia evolutiva, psicologia e ciência do comportamento animal para responder a uma pergunta simples: porque é que tantas pessoas tratam os seus cães como crianças? Historicamente, os cães eram usados para caçar, guardar e pastorear. Com a vida moderna, a relação passou a ser de companhia e, mais recentemente, de quase parentalidade. Hoje são comuns refeições caseiras para cães, férias em família com o animal de companhia e celebrações de “gotcha day” nas redes sociais.
A investigação mostrou que cães e crianças partilham muito mais do que se pensava: criam laços de apego, procuram segurança nos cuidadores, sofrem quando separados, interpretam expressões humanas e são influenciados pelo “estilo parental” que encontram em casa.
Segundo os investigadores, até o cérebro canino reage de forma semelhante ao humano, com aumento da oxitocina — a chamada hormona do vínculo — quando interage com pessoas de referência.
Os autores sublinharam, no entanto, que esta visão tem de ser equilibrada: os cães nunca deixam de ser dependentes, ao contrário das crianças, e precisam de estrutura e treino para se adaptarem ao mundo humano.
Além disso, os cientistas explicam que tratar os cães como adultos pode levar a mal-entendidos, como confundir medo com culpa ou esquecer que eles precisam aprender a estar sozinhos.
Assim, o estudo concluiu que os cães não são “os novos filhos”, mas ocupam um espaço emocional equivalente para muitos. São companheiros, confidentes e uma fonte de afeto estável num mundo em mudança.
Mais do que a definição do papel do cão na família, os investigadores salientam que importa reconhecer que esta relação permite exercitar algo profundamente humano: o cuidar.

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