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Animais de Companhia

Revisão científica identifica cães como principais hospedeiros de doenças zoonóticas

Revisão científica identifica cães como principais hospedeiros de doenças zoonóticasc iStock

Uma nova revisão científica concluiu que os cães são a espécie mais frequentemente associada às zoonoses, sendo mencionados em pelo menos 10% das publicações científicas que analisam quase um quarto dos patógenos reconhecidos como zoonóticos para os humanos.

De acordo com os investigadores, a posição central dos animais de companhia nas redes de transmissão interespécies “facilita a adaptação gradual dos agentes infeciosos a uma ampla gama de hospedeiros, incluindo os humanos, atuando como intermediários na propagação de numerosas doenças zoonóticas emergentes”.

 

O risco é particularmente elevado nos cães de companhia, isto porque “estes animais albergam a maior diversidade de agentes infeciosos zoonóticos entre todas as espécies animais”, avançam os cientistas, sublinhando que se estima que partilhem 90% dos seus patógenos com outros hospedeiros.

A revisão analisou também as diferenças entre cães de companhia e cães de rua. “Os cães de rua estão frequentemente envolvidos em doenças de transmissão ambiental, particularmente parasitas transmitidos pelo solo e pela água, devido à defecação incontrolada e ao seu comportamento”, destacam os autores. Já os cães de companhia “representam maiores riscos de transmissão direta, particularmente através de mordidelas, infeções por contacto próximo e bactérias resistentes aos antimicrobianos”.

 

Os investigadores defendem que, do ponto de vista da saúde pública, a integração dos cães em sistemas de vigilância baseados no conceito One Health “é crucial”.

Para tal, recomendam a realização de “monitorização genómica rotineira de cães de rua”, uma vez que esta prática “poderia permitir a deteção precoce de zoonoses emergentes”. Paralelamente, sugerem a implementação de programas de desparasitação em larga escala, melhorias na infraestrutura sanitária e uma gestão responsável dos animais de companhia como medidas para reduzir riscos ambientais e de transmissão direta.

 

Relativamente às doenças transmitidas por vetores, como pulgas, mosquitos e carraças, os autores sublinharam que “requerem medidas de controlo diferenciadas, incluindo tratamentos antiparasitários e intervenções ambientais específicas”.

O estudo enfatiza ainda que a análise se limitou a cães de companhia e de rua, devido à ausência de dados consistentes para outras categorias de cães.

 

“As investigações futuras deveriam aperfeiçoar os estudos ecológicos e de comportamento, assim como as análises da interação cão-hospedeiro, para quantificar melhor os riscos zoonóticos associados a cada categoria de cão e orientar estratégias de intervenção específicas. Este foco permite uma estratificação mais precisa do risco zoonótico e contribui para a prevenção eficaz de doenças na interface humano-animal-ambiente”, concluem os cientistas.

 

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