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Animais Selvagens

Alterações climáticas emergem como a terceira maior ameaça à vida selvagem global, alerta estudo

Alterações climáticas emergem como a terceira maior ameaça à vida selvagem global, alerta estudo iStock

Uma nova investigação, publicada na revista BioScience, revelou que as alterações climáticas estão a emergir como a terceira maior ameaça aos animais selvagens, juntando-se à alteração do habitat e à sobre-exploração.

A equipa de investigação analisou dados de 70.814 espécies animais de 35 classes, utilizando duas bases de dados públicas sobre biodiversidade para avaliar a vulnerabilidade das populações selvagens face às alterações climáticas.

 

Os resultados indicaram que 5,1% de todas as espécies avaliadas estão ameaçadas pelas alterações climáticas, sendo que, seis classes de animais têm, pelo menos, 25% das espécies em risco. Os investigadores acreditam que estes números subestimam a verdadeira dimensão da crise na vida selvagem.

“Estamos a entrar numa crise existencial para os animais selvagens em todo o mundo,” afirmaram os autores do estudo. E continua: “embora algumas espécies possam estar a beneficiar, o aumento da temperatura global pode provocar uma série de impactos nos animais selvagens, incluindo alterações na sua fisiologia, comportamento, ciclo de vida, distribuição e nas interações entre espécies”.

 

Os autores documentaram vários colapsos populacionais recentes ligados às alterações climáticas, incluindo o desaparecimento de mais de 10 mil milhões de caranguejos das neves, no Mar de Bering, desde 2018, a morte de 7.000 baleias-jubarte devido a ondas de calor no Pacífico Norte, e a mortalidade, sem precedentes, de 4 milhões de airos-comuns na costa oeste da América do Norte, entre 2015 e 2016.

A análise revelou grandes disparidades na atenção dada à investigação entre grupos de animais. Enquanto 72,6% das espécies de vertebrados foram avaliadas quanto ao seu estatuto de conservação através do processo da “Lista Vermelha” da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), apenas 1,6% dos invertebrados receberam atenção semelhante, apesar de constituírem a grande maioria da biodiversidade animal.

 

“Podemos estar a aproximar-nos de pontos de viragem no que toca ao impacto das alterações climáticas nos animais do planeta. Prevemos que os riscos de extinção e a mortalidade em massa, devido às alterações climáticas, não só aumentem, como também acelerem consideravelmente a cada fração de grau de aumento da temperatura global”, sublinha os investigadores.

Neste sentido, os investigadores recomendaram a criação de uma base de dados mundial para monitorizar eventos de mortalidade em massa relacionados com o clima, a aceleração das avaliações das espécies vulneráveis, mas pouco estudadas (particularmente invertebrados), e a integração de políticas de biodiversidade e alterações climáticas a nível global.

 

“Uma mitigação rápida e eficaz das alterações climáticas é agora mais crucial do que nunca para salvar a biodiversidade mundial”, concluem os autores.

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