O Parlamento Europeu votou a favor da proposta da Comissão Europeia para reduzir o nível de proteção dos lobos no território da União Europeia (UE), permitindo novamente a possibilidade de caça à espécie.
A decisão marca a etapa final de um processo legislativo, iniciado em dezembro do ano passado, quando a Convenção de Berna acolheu o pedido da Comissão Europeia para diminuir a proteção da espécie.
Com esta aprovação, o estatuto do lobo na UE passa de “proteção estrita” para “proteção”, ao abrigo da Diretiva Habitats. A proposta já tinha sido aprovada pelo Conselho da UE nas últimas semanas, com a votação no Parlamento a encerrar o processo político que viabiliza a alteração.
“Os lobos são vitais para a saúde dos ecossistemas, mas esta votação trata-os como um problema político, e não como um bem ecológico”, afirmou Ilaria Di Silvestre, diretora de políticas e advocacy para a Europa do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW). E continua: “não há dados que justifiquem um nível de proteção menor, mas as instituições da UE decidiram ignorar a ciência. Decisões tomadas com base em interesses políticos, em vez de fatos, correm o risco de desfazer décadas de progresso na conservação”.
“Este é um dia triste para a biodiversidade e para os animais selvagens”, referiu Léa Badoz, responsável pelos programas de proteção do Eurogroup for Animals, grupo de defesa dos direitos dos animais. A responsável refere ainda que “a UE já se orgulhou de liderar a proteção da natureza. Agora, vemos espécies vitais, como o lobo, a serem sacrificadas por interesses políticos de curto prazo que não vão beneficiar ninguém. Os Estados-Membros devem agora intervir e tomar a decisão certa”.
Apesar da votação do Parlamento, os Estados-membros podem ainda optar por manter os lobos com a proteção máxima, sendo apenas legalmente obrigados a garantir que as suas populações de lobos atinjam e se mantenham num estado de conservação favorável.
O Eurogroup for Animals enfatiza ainda que esta decisão é “profundamente preocupante”, nomeadamente pelo facto de o Parlamento Europeu ter recorrido a um procedimento de emergência para aprovar esta proposta, contornando o processo legislativo habitual para debater propostas da Comissão – “como se autorizar mais caça ao lobo fosse uma questão de extrema urgência”.