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SPOV: primeiro congresso marca o arranque das atividades da sociedade científica

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É já no próximo sábado que Coimbra recebe o primeiro congresso da Sociedade Portuguesa de Oncologia Veterinária (SPOV). Joaquim Henriques conversou com a  VETERINÁRIA ATUAL sobre os objetivos deste primeiro encontro e sobre os projetos da sociedade científica que nasceu no início deste ano.

No dia 22 de novembro, o Hotel Coimbra Aeminium vai receber o I Congresso da SPOV, um encontro que marca o arranque das atividades da sociedade científica que nasceu no início de 2025.

 

Joaquim Henriques, presidente da SPOV, em conversa com a VETERINÁRIA ATUAL explicou a escolha do tema do encontro: “As várias faces do Mastocitoma”. “Escolhemos este tema porque o mastocitoma é o tumor de pele mais comum nos cães e já é um tumor bastante investigado”, afirmou, lembrando que existem “novos esquemas de classificação, novos fatores de prognóstico, novas abordagens, até mesmo terapêuticas, e, nesse sentido, o nosso objetivo é sensibilizar a comunidade veterinária que faz a Oncologia para o state of the art” desta doença.

Para atender aos objetivos do encontro, foi desenhado um programa para duas salas distintas – para médicos veterinários e para enfermeiros – que aborda temas que vão desde o diagnóstico até à terapêutica, nomeadamente focando no diagnóstico laboratorial e citológico, passando pelo estadiamento da doença e, obviamente, pela abordagem cirúrgica e pelo tratamento médico. “Para isso, convidámos oradores de renome, profissionais diplomados e não diplomados, mas que são clínicos de grande valor e reconhecidos pelos pares nesta área do saber”, acrescentou o presidente da SPOV.

 

“Convidámos oradores de renome, profissionais diplomados e não diplomados, mas que são clínicos de grande valor e reconhecidos pelos pares nesta área do saber” – Joaquim Henriques, presidente da SPOV

Detalhando o programa do congresso da sala destinada a médicos veterinários, a abordagem diagnóstica do mastocitoma é o tema entregue aos patologistas Marta Santos, médica veterinária e professora de microbiologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), e Pedro Faísca, professor na Universidade Lusófona, enquanto Sofia Ramos tem agendadas três conferências para abordar o estadiamento clínico do mastocitoma, o tratamento médico e as novidades terapêuticas. A média veterinária, que é diplomada em Oncologia pelo  European College of Veterinary Internal Medicine – Companion Animals, reside no Reino Unido e vem ao encontro fazer também uma conferência dedicada ao mastocitoma felino.

 

A abordagem cirúrgica do mastocitoma é um tema a cargo de Carlos Adrega, diplomado europeu em cirurgia pelo European College of Veterinary Surgeons e cirurgião veterinário no Centro Hospitalar Veterinário do Porto.

Trabalhar o papel dos enfermeiros na oncologia veterinária

 

O congresso vai também olhar em profundidade para o trabalho das equipas de enfermagem no acompanhamento dos animais com doença oncológica e delineou um programa específico para estes profissionais.

Na sala dedicada aos enfermeiros, o programa começa com uma palestra de Gonçalo Petrucci, médico veterinário do ONEVET – HVPorto, que irá fazer uma introdução à biologia tumoral, seguindo-se a conferência “ABC da terapêutica”, que estará a cargo de Ana Coelho, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universitária da Universidade de Lisboa (FMV-ULisboa).

Hugo Gregório, médico veterinário responsável pelo Serviço de Oncologia da Anicura CHV Porto, estará presente para falar  sobre a segurança no maneio dos citotóxicos.

O papel do enfermeiro no reconhecimento e maneio dos efeitos secundários da quimioterapia é o tema da palestra de Élia Cosme, enfermeira veterinária na FMV-ULisboa, que será complementada com a intervenção de Andreia Santos, do ICBAS, que irá falar sobre as síndromes paraneoplásicas.

O programa segue com a palestra “Maneio da dor no doente oncológico”, que estará a cargo de Gonçalo Vicente, da FMV- ULisboa, e Joaquim Henriques encerra esta sala com uma conferência subordinada ao tema “Comunicação com tutores: o papel do enfermeiro”.

Uma sociedade aberta a todos os interessados em Oncologia

Aproveitando a conversa sobre o congresso, a VETERINÁRIA ATUAL questionou Joaquim Henriques sobre o projeto da SPOV. Nas palavras do presidente da Sociedade, o objetivo principal da organização passa por “desenvolver, divulgar, mas também aprofundar a Oncologia veterinária e a Oncologia comparada” a nível nacional. Daí que a SPOV tenha as portas abertas para acolher como sócios médicos veterinários, enfermeiros veterinários, mas também médicos de medicina humana, investigadores, biólogos e todos os que se interessem por estas temáticas.

Aliás, adiantou o responsável, neste primeiro encontro apenas estão contempladas duas salas, uma dedicada a médicos veterinários outra a enfermeiros veterinários, mas não está descartada a hipótese de, no próximo congresso, existir uma terceira sala com um programa dedicado à Oncologia comparada.

Segundo avançou ainda Joaquim Henriques, a SPOV pretende contribuir para a formação dos vários grupos profissionais, com a realização de webinares e outros encontros para abordar as melhores práticas na abordagem aos tumores que são semelhantes em pessoas e nos animais.

É igualmente um objetivo da Sociedade trabalhar com parceiros internacionais, nomeadamente a European Society of Veterinary Oncology (ESVONC), procurando traduzir as guidelines produzidas pela organização, mas também tem a intenção de produzir linhas de orientação nacionais, adaptadas à realidade do País. Afinal, explicou o dirigente, “temos uma epidemiologia muito singular. Por exemplo, em Portugal temos muito tumor de mama que em alguns países não existe, porque esterilizam os animais de companhia mais cedo, e temos também muitos gatos com carcinoma das células escamosas, pois somos um país com muito sol. Por tudo isto, é importante criarmos as nossas próprias orientações adaptadas às particularidades nacionais”.

A ideia intrínseca a toda a atividade da SPOV será sempre alertar profissionais de saúde animal para, tal como acontece na saúde humana, se apostar no diagnóstico precoce da doença oncológica e, assim, aumentar a sobrevivência dos animais de companhia. Joaquim Henriques admitiu que ainda se depara com muitos animais diagnosticados já com doença avançada, que poderiam ter melhores desfechos clínicos se tivessem chegado mais cedo às mãos de profissionais que se dedicam a esta área clínica. Afinal, garante, hoje já existem respostas terapêuticas seguras e eficazes, capazes de aumentar a esperança média de vida de um doente oncológico, eventualmente alcançar a remissão, mas, acima de tudo, capazes de assegurar qualidade de vida a estes animais.

A comunidade que abraça o avanço científico em prol dos animais

Nas declarações à revista, Joaquim Henriques fez questão de contar um movimento que o emocionou aquando da criação da SPOV e da preparação deste primeiro congresso. “Tivemos algumas pessoas individuais, tutores que perderam animais com cancro, que fizeram donativos à Sociedade e que permitiram, em primeiro lugar, a implementação e desenvolvimento da SPOV e também a realização deste congresso”, contou, lembrando como esta já é uma prática de muito comum na medicina humana.

Confessando-se muito grato a estes cidadãos que apostam na melhoria do conhecimento científico para ajudar os animais de companhia, Joaquim Henriques também deixou agradecimentos aos patrocinadores oficiais que ajudam a SPOV neste arranque de atividade e na organização deste primeiro congresso.

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