Uma investigação, publicada na revista Ecological Applications, concluiu que drones equipados com câmaras térmicas estão a melhorar significativamente os esforços de conservação das espécies mais raras e ameaçadas das florestas da Austrália, quando comparados com os métodos tradicionais.
“As populações da nossa vida selvagem em perigo estão a diminuir devido à perda de habitat, incêndios florestais e às alterações climáticas”, sublinhou Benjamin Wagner, líder da equipa de investigadores responsável pelo estudo da Universidade de Melbourne. E continua: “monitorizá-las é crucial para a sua sobrevivência, mas como muitas espécies passam a maior parte do tempo no topo das árvores, podem ser extremamente difíceis de detetar”.
Tradicionalmente, a monitorização é feita por “spotlighting”, em que equipas percorrem a floresta à noite, usando lanternas para detetar o reflexo dos olhos dos animais. Além de ser um processo lento, exigente em mão-de-obra e potencialmente perigoso para as equipas, esta técnica falha muitas vezes em identificar todos os animais presentes.
Assim, o estudo concluiu que os drones térmicos conseguem cobrir até dez vezes mais área de floresta no mesmo período e de forma mais eficiente. As câmaras térmicas permitem detetar o calor corporal dos animais a partir de uma distância segura, acima do dossel das árvores, minimizando a perturbação das espécies observadas.
A investigação envolveu voos de drones térmicos sobre áreas de até 200 hectares de floresta, complementados por levantamentos no terreno, de forma a comparar a eficácia dos dois métodos.
“Até agora, ninguém tinha estudado a eficácia dos drones térmicos na deteção de animais à noite em florestas nativas”, explicou o cientista. “Os nossos drones detetaram os nove mamíferos arborícolas esperados nas áreas de estudo, registando mais de 1000 observações de mamíferos nativos, aves da floresta e fauna terrestre, como bandicoots, wombats, veados e gatos selvagens”, concluiu.
Para o investigador, “com esta tecnologia moderna, podemos mapear animais em florestas inteiras, ver que espécies coexistem, onde se escondem os animais raros e como algumas espécies voltam a colonizar depois de incêndios florestais”.