A Puppy Bond Lisboa nasceu em outubro de 2023, com uma aula experimental no Feijó que apresentou o conceito de puppy yoga em Portugal. O projeto é familiar, criado e coordenado por Elsa Moita e Luís Silva, que decidiram unir as suas áreas de especialização – formação em marketing digital e auxiliar de veterinária, respetivamente – para trazer para a capital portuguesa uma das experiências de ioga com cachorros mais procuradas no estrangeiro. A VETERINÁRIA ATUAL conversou com a mentora do projeto, que tem como mantra a ideia de que o bem-estar pode e deve ser partilhado. Por isso, o compromisso da Puppy Bond é duplo: ajudar os adoráveis cachorrinhos a encontrar uma família responsável e, ao mesmo tempo, oferecer uma experiência única a quem se inscreve nas sessões.
Como nasceu a ideia da Puppy Bond Lisboa?
A ideia surgiu em 2017, quando, durante uma viagem, pensei no conceito e no nome “Puppy Yoga”. No entanto, só a coloquei em prática a 7 de outubro de 2023. Nesse verão, ao ver um vídeo internacional no TikTok, recordei-me da ideia original e decidi avançar com o projeto.
O que vos inspirou a trazer o conceito de puppy yoga para Portugal?
A inspiração veio da ligação profunda que sempre tive com os animais e do impacto positivo que têm na saúde mental. Para mim, os animais espelham a alma, e o puppy yoga baseia-se exatamente nessa relação. O objetivo é ajudar as pessoas a encontrarem equilíbrio e bem-estar, oferecendo um momento de foco, descontração e alegria.
Qual foi a reação inicial do público na primeira aula, em outubro de 2023?
A primeira aula foi realizada de forma bastante simples, no hostel do meu pai, com capacidade para apenas nove pessoas. Apesar de ser tudo muito caseiro e sem grande apoio, a receção foi positiva, com participantes a deslocarem-se de vários pontos do país. A partir daí o projeto cresceu e começámos a estabelecer parcerias.
O nome “Puppy Bond” tem algum significado especial?
Sim. “Bond” significa criar laços, e reflete exatamente aquilo que pretendemos promover: a conexão entre os cachorros e as pessoas.
Como são selecionados os cachorros para as sessões?
A partir dos dois meses, os cachorros podem participar caso tenham as vacinas em dia. Trabalhamos tanto com criadores como com associações e, sempre que possível, damos prioridade aos cães de associações. Evitamos juntar ninhadas diferentes, exceto em situações excecionais.
Que cuidados veterinários e de socialização são garantidos antes de cada aula?
Todos os cachorros devem ter vacinação atualizada. Quanto à higiene, asseguramos todo o material necessário para limpeza regular durante e após as sessões.
Existe algum protocolo específico de higiene, vacinação e controlo parasitário?
Sim. Não aceitamos animais sem vacinação adequada.
Que medidas são tomadas para evitar stress ou sobre-estimulação?
Por serem cachorros, a interação surge naturalmente deles. Nunca são forçados a interagir ou a realizar algo que não desejem.
Há sempre um profissional com formação em comportamento animal presente?
Atualmente não, embora por vezes os responsáveis pelos animais estejam presentes nas sessões.
Como é gerido o descanso dos cães?
As sessões são limitadas a duas por dia precisamente para evitar excesso de estímulos. Não fazemos rotações, garantindo que nunca existe sobrecarga.
Existe acompanhamento veterinário regular?
Os cachorros permanecem nas associações ou com os criadores, que asseguram o seu acompanhamento veterinário habitual.
Como surgiu a ligação com a Associação Cantinho da Milu?
Entrei em contacto diretamente com a associação e convidei-os a participar no projeto.
De que forma as sessões contribuem para ajudar os animais?
Uma parte do valor dos bilhetes é doada às associações parceiras.
Já houve adoções resultantes das aulas? Alguma história marcante?
Sim. A história que mais nos marcou foi a da Mariana, que conheceu a Puppy Bond durante a lua-de-mel. Após participar numa aula e ver uma ninhada divulgada nas redes sociais, visitou a associação e acabou por adotar o Balu. Foi uma adoção espontânea e transformadora para o casal.
Pretendem alargar o projeto a outras associações?
Sim. Já colaborámos com várias associações e pretendemos continuar a expandir estas parcerias.
Como descreveriam a experiência a alguém que nunca participou?
A experiência promove felicidade, motivação e equilíbrio emocional. Ajuda as pessoas a desligarem-se das preocupações diárias e a recentrarem-se através da interação espontânea e divertida com os cachorros.
Que tipo de público procura estas aulas?
A maioria dos participantes são amantes de cães, embora também haja curiosos e pessoas em busca de bem-estar emocional.
Que benefícios físicos e emocionais têm observado?
Maior tranquilidade, motivação e sensação de leveza emocional após a sessão.
Algum momento marcante que queiram destacar?
Além das adoções, recordamos uma participante estrangeira que, após um dia difícil, regressou duas vezes no mesmo dia por sentir que as aulas lhe devolviam motivação e alegria.
Que tipo de espaços utilizam e como asseguram que são adequados?
Dispomos de um estúdio preparado para garantir o conforto e segurança dos animais e dos participantes.
Qual é o número ideal de participantes por sessão?
A capacidade máxima é de 20 pessoas e entre 6 a 8 cachorros, dependendo da ninhada.
Que formação têm os instrutores sobre interação com animais?
Embora não tenham formação específica, escolhemos instrutoras calmas e que demonstram gostar de animais.
Como veem o papel dos veterinários neste tipo de iniciativas?
Consideramos essencial o seu apoio, sobretudo devido à escassez de profissionais nas associações e à importância do bem-estar animal.
Que tipo de colaboração gostariam de ter com clínicas veterinárias?
Gostaríamos de obter certificação em primeiros socorros para garantir resposta imediata em caso de necessidade.
Quais os planos para o futuro?
Pretendemos manter os eventos solidários e, no futuro, expandir o projeto para outras cidades.
Como imaginam o impacto deste conceito na forma como as pessoas se relacionam com os animais?
Acreditamos que o puppy yoga ajuda a aumentar a consciência sobre a realidade dos animais que precisam de apoio e incentiva uma relação mais empática e responsável.
Que mensagem gostariam de deixar aos profissionais de saúde animal?
Agradecemos profundamente o seu trabalho, que é fundamental para garantir o bem-estar dos animais.
E ao público em geral?
Os cães são muito mais do que companhia. Ajudam-nos a socializar, a sair de casa e a relativizar os problemas, contribuindo para uma vida mais equilibrada e feliz.

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