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Resistência aos antimicrobianos

“Precisamos de mais cooperação internacional e compromisso político”

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O diretor-geral honorário da Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) não deixou margem para dúvidas: “a saúde e o bem-estar animal precisam de antibióticos, mas estes necessitam de estar sob supervisão permanente”. Bernard Vallat foi um dos oradores da palestra organizada no dia 17 de junho pela DGAV no auditório da FMVL sobre a “Resistência aos antimicrobianos”.

Bernard Vallant enumerou vários progressos já feitos na luta contra a antibioresistência, como o programa lançado em conjunto pela OIE, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) – Uma só Saúde – mas salientou que “precisamos de mais cooperação internacional e compromisso político”, bem como “apoiar os países em desenvolvimento para que aprovem legislação, seguindo as regras da OIE e que os serviços veterinários tenham a correta formação e meios”.

Na palestra – cuja audiência encheu a sala e onde estiveram presentes responsáveis como o diretor-geral da Saúde, Francisco George, e o presidente do conselho diretivo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), Nuno Canada – intervieram também (depois das boas-vindas dadas pelo diretor-geral da Alimentação e Veterinária, Álvaro Mendonça) Manuel Joaquim Ferreira, que falou sobre os “Antibióticos na produção animal” e Inês Almeida, da Direção-geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que explicou a “Estratégia nacional no campo da veterinária”, nomeadamente na antibioresistência.

 

conferência dgav

Bernard Vallat defendeu que “a saúde e o bem-estar animal precisam de antibióticos, mas estes necessitam de estar sob supervisão permanente”, salientando que “em mais de 120 países não há controlo adequado da produção, importação e distribuição dos medicamentos” e que “a maioria dos antimicrobianos que circulam no mundo são falsificados ou sem de controlo de qualidade apropriado”

 

O diretor-geral honorário da OIE frisou que “a resistência antimicrobiana é um problema global uma vez que as bactérias resistentes não conhecem fronteiras ou oceanos”. Por isso “devemos incluir sempre uma perspetiva global em qualquer política”. Bernard Vallat lembrou que “ uso de antibióticos nos países emergentes e em desenvolvimento vai aumentar” porque “a procura por proteína animal deverá crescer em mais de 50% até 2030”, uma vez que “teremos de alimentar mais de nove mil milhões de pessoas até 2050”.

Os antibióticos são fundamentais

 

Inês Almeida apresentou a estratégia nacional no campo da veterinária, centrando-se nas medidas e ações destinadas a combater a resistência antimicrobiana ao destacar o Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais (PANRUAA).

Já Manuel Ferreira Joaquim, baseando-se na sua experiência como médico veterinário de produção, afirmou que “os antibióticos são um instrumento fundamental para veterinários e produtores para proteger a saúde e o bem-estar dos animais utilizados para a produção de alimentos” mas, admitindo que não se esperam novos antibióticos nos próximos 20 anos, considerou que “é necessário reduzir o risco sem reduzir a disponibilidade de agentes antimicrobianos, necessária para a produção de animais”.

 

Bernard Vallat

Manuel Joaquim defendeu ainda que “como veterinários e criadores devemos assegurar que usamos corretamente os antibióticos disponíveis”, porque “temos de assegurar que as infeções humanas e animais possam ser tratadas no futuro” e “evitar a transmissão de agentes infeciosos na cadeia alimentar e no ambiente”.

 

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