Bernard Vallant enumerou vários progressos já feitos na luta contra a antibioresistência, como o programa lançado em conjunto pela OIE, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) – Uma só Saúde – mas salientou que “precisamos de mais cooperação internacional e compromisso político”, bem como “apoiar os países em desenvolvimento para que aprovem legislação, seguindo as regras da OIE e que os serviços veterinários tenham a correta formação e meios”.
Na palestra – cuja audiência encheu a sala e onde estiveram presentes responsáveis como o diretor-geral da Saúde, Francisco George, e o presidente do conselho diretivo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), Nuno Canada – intervieram também (depois das boas-vindas dadas pelo diretor-geral da Alimentação e Veterinária, Álvaro Mendonça) Manuel Joaquim Ferreira, que falou sobre os “Antibióticos na produção animal” e Inês Almeida, da Direção-geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que explicou a “Estratégia nacional no campo da veterinária”, nomeadamente na antibioresistência.
Bernard Vallat defendeu que “a saúde e o bem-estar animal precisam de antibióticos, mas estes necessitam de estar sob supervisão permanente”, salientando que “em mais de 120 países não há controlo adequado da produção, importação e distribuição dos medicamentos” e que “a maioria dos antimicrobianos que circulam no mundo são falsificados ou sem de controlo de qualidade apropriado”
O diretor-geral honorário da OIE frisou que “a resistência antimicrobiana é um problema global uma vez que as bactérias resistentes não conhecem fronteiras ou oceanos”. Por isso “devemos incluir sempre uma perspetiva global em qualquer política”. Bernard Vallat lembrou que “ uso de antibióticos nos países emergentes e em desenvolvimento vai aumentar” porque “a procura por proteína animal deverá crescer em mais de 50% até 2030”, uma vez que “teremos de alimentar mais de nove mil milhões de pessoas até 2050”.
Os antibióticos são fundamentais
Inês Almeida apresentou a estratégia nacional no campo da veterinária, centrando-se nas medidas e ações destinadas a combater a resistência antimicrobiana ao destacar o Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais (PANRUAA).
Já Manuel Ferreira Joaquim, baseando-se na sua experiência como médico veterinário de produção, afirmou que “os antibióticos são um instrumento fundamental para veterinários e produtores para proteger a saúde e o bem-estar dos animais utilizados para a produção de alimentos” mas, admitindo que não se esperam novos antibióticos nos próximos 20 anos, considerou que “é necessário reduzir o risco sem reduzir a disponibilidade de agentes antimicrobianos, necessária para a produção de animais”.
Manuel Joaquim defendeu ainda que “como veterinários e criadores devemos assegurar que usamos corretamente os antibióticos disponíveis”, porque “temos de assegurar que as infeções humanas e animais possam ser tratadas no futuro” e “evitar a transmissão de agentes infeciosos na cadeia alimentar e no ambiente”.