Os investigadores das Universidades de Alberta e Guelph, no Canadá, defendem que é possível que as práticas atuais da indústria leiteira estejam a privar os bezerros recém-nascidos de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do seu aparelho digestivo.
O estudo Feeding colostrum or a 1:1 colostrum:milk mixture for 3 days postnatal increases small intestinal development and minimally influences plasma glucagon-like peptide-2 and serum insulin-like growth factor-1 concentrations in Holstein bull calves foi publicado recentemente no Journal of Dairy Science, e realizou um ensaio com 24 bezerros. Todos os animais receberam colostro duas horas após o nascimento, a uma taxa de 7,5% do peso corporal.
Entre 12 a 72 horas, oito bezerros foram alimentados a cada 12 horas a 5% do seu peso corporal, recebendo um de três tipos de alimentos líquidos: colostro – colostro inteiro, não pasteurizado; mistura – metade colostro, metade leite gordo, para imitar o leite de transição; e leite gordo – leite gordo normal, que seguiu de forma mais rigorosa as práticas atuais de alimentação da indústria.
Cada animal foi equipado com um catéter venoso jugular, uma hora após o nascimento, para permitir a recolha frequente de amostras de sangue. As amostras de tecido intestinal foram colhidas depois de serem eutanasiados com 75 horas de idade.
O estudo apontou para diferenças significativas no desenvolvimento intestinal para os grupos alimentados com colostro e mistura em comparação com os animais alimentados com leite gordo.
A altura do vilo era, em média, 1,8 vezes menor no jejuno proximal e 1,5 vezes menor no jejuno distal nos vitelos alimentados com leite gordo em comparação com os outros dois grupos. No duodeno, a altura das vilosidades foi 1,5 vezes superior para os vitelos alimentados com a ração mista em relação aos alimentados com leite gordo, e 1,4 vezes superior no jejuno entre os mesmos dois grupos.
A superfície do jejuno proximal era 60% mais baixa para o leite gordo do que para o colostro e 58% mais baixa para o leite gordo do que a mistura.
Os animais alimentados com leite gordo tinham menos 38% de superfície no íleo do que os alimentados com colostro e menos 58% do que os alimentados com a mistura. No jejuno distal, a mistura produziu uma superfície 54% maior do que a verificada nos animais alimentados a leite gordo.
“Esperávamos um conjunto de três níveis de resultados favoráveis ao colostro, depois ao leite de transição, depois ao leite gordo, mas não foi o caso”, explicou Michael Steele, professor assistente de Nutrição de Ruminantes na Universidade de Guelph e autor do estudo, citado pela Bovine Veterinarian.
“Apesar de se verificar um valor significativo a favor da alimentação com colostro ou leite de transição em detrimento do leite gordo, havia pouca diferenciação entre os dois primeiros.”
Os investigadores concluíram que a alimentação com leite de transição ou a criação do mesmo tipo de mistura, combinando colostro 1:1 com leite gordo, pode conter o mesmo valor nutricional e imunológico que a alimentação com colostro gordo durante três dias.