Os criadores de bovinos estão preocupados com o futuro do setor em Portugal, acusando a existência de uma campanha política que visa acabar com o consumo de carne, através de “propostas demagógicas e populistas” que “constituem um efetivo ataque ao ‘mundo rural’”.
Na sequência de uma proposta do PAN, que não foi aprovada no âmbito do Orçamento de Estado para 2020 mas que visava a criação de uma taxa sobre o preço da carne, a Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos (ANEB) anunciou a sua preocupação, considerando estas iniciativas “insensatas”. A proposta do PAN sugeria a criação de uma “taxa de carbono” de 0,81 € por quilo de carne de vaca, 1,18 € por quilo de carne de borrego e cabrito, de 0,33 € para a de peru, de 0,36 € para o porco e de 0,21 € para o frango.
Os criadores contestam os argumentos ambientais de justificação da proposta e a pegada ecológica proveniente da criação de gado.
“As pastagens são os maiores retentores de carbono”, disse Nuno Lagoa Ramalho, presidente da ANEB, citado pelo jornal Público. O presidente da ANEB considera que não estão a ser tidos em conta também “os impactos ambientais positivos do setor agropecuário na fixação de populações nas zonas rurais e do interior e a sua relevância no ordenamento do território, na sustentabilidade das terras e no contributo decisivo que dão para assegurar a biodiversidade”.
“Nós respeitamos os hábitos alimentares de toda a gente, mas também tem de ser respeitada a tradição alimentar dos povos, que tem milhares de anos”, refere Nuno Ramalho.
De acordo com a associação, metade da produção de bovinos em Portugal é feita em extensivo e não em produção intensiva em cativeiro, acrescentando que “há até evidências científicas que sustentam um reduzido impacto ambiental, uma vez que as pastagens e a floresta têm um papel determinante na fixação de carbono”. Para a associação, a aplicação de taxas sobre a carne seria “um perigo para o mundo rural”, porque a diminuição do consumo “resultaria, de imediato, numa quebra da produção nacional”.