Quantcast
Eventos

Conferências Veterinária Atual promovem o debate dos temas mais prementes para o setor

“Diferenciar o CAMV, Combater a resistência” foi o ponto de partida da terceira edição das Conferências Veterinária Atual que decorreram no dia 27 de setembro, no Vip Grand Hotel, em Lisboa. O grau de especialista e a nova plataforma de prescrição eletrónica foram alguns dos temas com impacto na prática clínica discutidos no evento.

A revista VETERINÁRIA ATUAL e a Abilways Portugal organizaram a terceira edição das Conferências Veterinária Atual que contou com uma afluência considerável de profissionais da área. A parte da manhã foi dedicada à diferenciação do CAMV, com casos de sucesso na área de tecnologia e de sustentabilidade, sem esquecer a importância da comunicação e, durante a tarde, os oradores presentes abordaram algumas questões relacionadas com o combate à resistência, mais especificamente, a One Health, a prescrição eletrónica veterinária e o comportamento dos médicos veterinários no que concerne à prescrição de antibióticos

 

Bruno Tavares, diretor clínico da Clínica Veterinária Boa Nova, em Matosinhos, no Porto, teve a seu cargo a apresentação “Tecnologia e inteligência artificial ao serviço da medicina veterinária”, dando a conhecer aos colegas o percurso que ele e a sua equipa têm feito neste domínio. Com um claro investimento e trabalho na área das novas tecnologias, o médico veterinário simulou uma teleconsulta no evento, demonstrando algumas mais valias desta alternativa.

“Posicionar o CAMV em áreas específicas da veterinária” foi o tema da primeira mesa-redonda do dia e contou com a participação de representantes de várias áreas de interesse que deram a conhecer a sua perspetiva sobre a oferta de serviços muito direcionados, tendo sido discutido também o tema do grau de especialistas. Joaquim Henriques, consultor em oncologia no OneVetGroup, Carolina Mesquita, médica veterinária com prática em dermatologia e responsável pela Pelovet, Ana Paula Resende, diretora clínica da Vetvisão – Centro de Oftalmologia Veterinária e Sónia Miranda, vice-presidente da Ordem dos Médicos Veterinários e diretora clínica do Anicura Atlântico Hospital Veterinário explicaram um pouco aquele que tem sido o seu percurso e a evolução ao longo dos anos reforçando que, atualmente, os tutores estão mais informados mas também mais exigentes, o que condiciona a procura de serviços específicos e menos generalistas para a resolução de determinados casos.

 

Não perca a reportagem alargada sobre as Conferências Veterinária Atual na edição de outubro da revista Veterinária Atual

A sustentabilidade e a comunicação são temas que têm estado cada vez mais na ordem do dia em várias áreas e os CAMV não são exceção na tentativa de melhoria das práticas clínicas que envolvem um maior cuidado com o ambiente e a as estratégias comunicacionais para garantir uma melhor organização das equipas na performance dos CAMV. Vasco Machado, diretor clínico da SuperVet, em Alvor, no Algarve, deu a conhecer alguns pequenos passos que o CAMV tem levado a cabo para tornar a clínica mais sustentável aproveitando o momento para fazer alguns apelos aos colegas presentes. Seguiu-se a apresentação “Comunicação e medicina veterinária: uma sinergia vencedora?” a cargo de Miguel Moura Esteves, médico veterinário e NPL trainer que abordou os desafios que surgem entre as equipas quando a comunicação não flui de forma positiva. E isso resume-se a uma frase que considera ir ao encontro deste desafio: “A comunicação acontece entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo, o que o outro ouve, o que quer ouvir e o que acha que entendeu”.

 

Combater a resistência

 

A tarde das Conferências Veterinária Atual começou com a apresentação “One Health – Impacto e implicação em resistência a antibióticos” da autoria de Patrícia Poeta, especialista europeia em Microbiologia Veterinária. Partindo da evolução do conceito de One Health que, apesar de ser comum entre a classe, foi sendo consolidado por vários autores, a médica veterinária apresentou alguns dados sobre os países que lideram o excesso de utilização de antibióticos e abordou ainda o papel do médico veterinário para a saúde global das populações e da prevenção, identificação ou tratamento de zoonoses que podem ter consequências sérias na saúde humana.

Seguiu-se a mesa redonda “Prescrição Eletrónica Médico-Veterinária – Maior segurança versus custos acrescidos”, que contou com a participação de Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Inês Almeida, Chefe de Divisão de Gestão e Autorização de Medicamentos Veterinários da DGAV, Paulo Pereira, médico veterinário e coordenador da Secção Regional Sul e Ilhas da APMVEAC e Mariana Carido, médica veterinária de ruminantes e equinos – Rural Vet. Além da visão mais institucional, o painel contou com o ponto de vista dos médicos de animais de companhia e de animais de produção que relataram a sua experiência na prática clínica diária no que respeita a esta novidade.

O evento terminou com a apresentação do estudo “Antimicrobial resistance in companion animals – Veterinarians’ attitudes and prescription drivers in Portugal” liderado pela investigadora Gisélia Alcântara do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e que analisa critérios de decisão usados pelos médicos veterinários de animais de companhia no momento de prescrever antimicrobianos. Através de um questionário de autorresposta respondido voluntariamente por 417 médicos veterinários, entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, foi possível concluir que “os profissionais que trabalham em hospitais e hospitais universitários têm uma tendência duas vezes mais positiva em prescrever através de protocolos do CAMV”.

No que respeita ao perfil dos veterinários prescritores, o estudo concluiu que estão divididos em dois grupos: os que preferem a prescrição empírica (baseada em sintomas, sinais dos animais e na experiência clínica dos médicos veterinários) e os que privilegiam a prescrição com protocolo que têm como base uma determinada guideline internacional. Ambos os grupos valorizam a eficácia como elemento crucial de prescrição de antimicrobianos, mas, o primeiro procura uma resolução rápida dos sintomas, não prescreve nenhum tipo de teste de sensibilidade, levando-os a procurar antimicrobianos de espetro mais alargado. São veterinários com idade acima de 43 anos. No que respeita ao segundo grupo, prefere prescrever com protocolo e antimicrobianos de espetro menos alargado, levando em maior consideração a resistência antimicrobiana.

O estudo veio demonstrar o quanto o médico veterinário tem um papel fundamental na resistência antimicrobiana e Gisélia Alcântara concluiu que “um protocolo português poderia levar em consideração as situações clínicas mais frequentes nos CAMV nacionais e vir a ser mais útil do que as guidelines internacionais”.

 

 

 

Este site oferece conteúdo especializado. É profissional de saúde animal?