Aquando da descoberta do vírus da peste suína africana (PSA) na China, as autoridades locais não solicitaram testes para confirmar as suspeitas do surto e não alertaram adequadamente o público. Nos últimos 19 meses, a indevida sinalização desta epidemia levou à morte de milhões de porcos, noticiou a agência Reuters.
De acordo com a agência, a rápida disseminação da PSA ocorreu devido à falta de notificação por parte das autoridades competentes, uma situação que se deve ao extremo sigilo burocrático e aos incentivos políticos que continuam a dificultar o combate às pandemias, situação que se verificou também com o coronavírus.
Com a peste suína, o governo e a indústria negavam ou subestimavam a gravidade da doença. Contudo, a própria indústria de carne admite que a doença levou à redução de 440 milhões de suínos na China, eliminando um quarto dos suínos do mercado global. Esta redução, além de ter prejudicado os meios de subsistência, levou a um aumento dos preços da carne.
A Reuters aponta que em entrevistas com agricultores, analistas da indústria e os principais fornecedores do setor suíno da China, estes apontaram que apesar de reportarem surtos de doenças às autoridades locais, os números não fazem parte das estatísticas oficiais apresentadas por Pequim.
O Ministério da Agricultura chinês registou 163 surtos de PSA desde agosto de 2018 e disse que 1,19 milhão de porcos foram abatidos, 1% do total. Contudo, dados separados do ministério mostram mensalmente que, em setembro de 2019, tinha sido verificada uma diminuição de 41% comparativamente ao ano anterior. “São pelo menos 60%”, explicou Johan de Schepper, diretor da Agrifirm International, empresa holandesa de ingredientes para rações.
A produção de carne de porco da China continua assim a recuar, pelo sexto trimestre consecutivo.
Com uma queda de 29% no primeiro trimestre de 2020, depois de a peste matar milhões de animais no país desde agosto de 2018, a doença levou a que a produção de carne suína no país atingisse o valor mínimo de 16 anos em 2019: 42,6 milhões de toneladas.
No primeiro trimestre de 2020, a produção suína registou uma quebra de 10,38 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas chinês.
No mesmo período de tempo, a China abateu 131,29 milhões de porcos, verificando uma queda de 30,3% na comparação anual.