O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) publicou recentemente os censos nacionais sobre animais errantes, revelando que Portugal continental tem atualmente 930 mil animais errantes, entre os quais 830.541 gatos e 101.015 cães.
A Animalife pronuncia-se perante esta realidade que considera preocupante, mas pouco surpreendente. “Há quase um milhão de cães e gatos errantes em Portugal, um número que excede em larga escala a capacidade atual dos Centros de Recolha Oficial (CROs)”, manifesta-se a associação em comunicado, acrescentando que estes dados confirmam “a crise que a Animalife tem destacado repetidamente e contra a qual tem lutado com determinação”.
Os censos destacam não apenas o aumento significativo do número de animais errantes, mas também a discrepância entre os animais acolhidos e os que conseguem encontrar um lar permanente.
No último ano, apesar do aumento das adoções, o número de animais nas ruas continuou a crescer, sublinhando a necessidade urgente de ações mais eficazes e abrangentes.
“Estes números não são apenas estatísticos; eles representam vidas de cães e gatos que merecem a dignidade e o amor que um lar proporciona. A realidade é que, apesar dos esforços contínuos, há ainda muito trabalho a ser feito. É essencial que todos nós — governo, entidades privadas, sociedade civil e cada cidadão consciente — trabalhemos juntos para implementar soluções eficazes e duradouras. A coordenação entre as diferentes partes interessadas é crucial para o sucesso desta missão.”, descreve Rodrigo Livreiro, Presidente de Direção da Animalife.
A necessidade de focar não só nas consequências, mas principalmente nas causas do abandono animal é mais premente do que nunca.
No contexto dos dados revelados, a Animalife apela ao Governo e às entidades competentes para que intensifiquem a implementação das recomendações da Estratégia Nacional para os Animais Errantes (ENAE). “É essencial que trabalhemos juntos para desenvolver infraestruturas adequadas, melhorar os processos de adoção, e garantir uma vida digna para todos os animais”, refere a associação no comunicado enviado às redações.
Para o efeito, evoca as suas orientações para as políticas públicas:
Melhoria dos processos de adoção: Implementar estratégias para aumentar as taxas de adoção responsável, garantindo que cada animal possa encontrar um lar permanente que possa prover amor e cuidado adequados.
Capacitação dos profissionais: Assegurar que os trabalhadores dos CROs recebem formação contínua para melhor lidar com os desafios específicos dos animais errantes e promover práticas mais humanas e eficientes no tratamento e recuperação desses animais.
Desenvolvimento de infraestruturas: Investir na criação e manutenção de infraestruturas adequadas que possam proporcionar alternativas sustentáveis para a gestão de animais errantes, diminuindo a sobrecarga nos CROs.
Prevenção do abandono: Fortalecer as medidas de apoio social para os detentores de animais em situação de vulnerabilidade, para evitar que o abandono seja visto como uma solução para crises pessoais ou econômicas.
Coordenação entre sociedade civil e entidades governamentais: Promover uma colaboração mais estreita entre todos os stakeholders para assegurar uma resposta eficaz e unificada aos desafios apresentados.
Olhando para o futuro, a Animalife está firmemente comprometida em reduzir o número de animais errantes em Portugal, reconhecendo que muitos dos problemas relacionados com animais errantes originam-se de dificuldades socioeconómicas das famílias. Por isso, “um pilar fundamental da nossa estratégia é o apoio a pessoas e famílias em situação de especial vulnerabilidade, garantindo que tenham os recursos necessários para manter e cuidar dos seus animais, evitando assim o seu abandono.”
Para o efeito, uma das medidas em que a Animalife investe é a esterilização, identificada nos Censos como uma necessidade crítica entre os inquiridos que frequentemente não possuem recursos para tal procedimento.