Um cão que sofreu fraturas devido a um atropelamento foi submetido a uma nova alternativa de reparação de ossos. Devido às caraterísticas da fratura, que impossibilitaram a aplicação de formas de recuperação mais tradicionais, Danielle Marturello, professora assistente clínica de cirurgia ortopédica, apresentou uma opção inovadora: o I-loc.
Deuces, um pit bull masculino de dois anos de idade, foi ao Hospital de Ensino Veterinário em Urbana, Illinois, nos Estados Unidos, depois de ter sido atropelado por um camião. O cão não se apoiava na pata traseira esquerda e tinha hematomas e escoriações devido à colisão, mas de resto estava saudável e alerta.
“Deuces viu primeiro o seu veterinário, que determinou que o fémur, um osso longo do membro traseiro, estava partido. Depois Deuces foi referenciado para realizarmos um exame ortopédico para determinar o melhor tratamento para a fratura”, explica Marturello à publicação The News-Gazette.
O cão tinha uma fratura fechada e cominutiva no alto do fémur. “Fechada” significa que não houve exposição do osso fora do corpo e “cominutiva” significa que o osso foi partido em mais de dois fragmentos.
“Ao considerar o método que será melhor para o paciente, queremos preservar a estrutura e a integridade dos ossos, músculos e vasos sanguíneos, enquanto proporcionamos uma construção estável durante o processo de cura”, observa Marturello. “Temos muitas opções disponíveis e escolhemos a melhor opção para o caso individual e para o animal.”
Uma opção para a recuperação de fraturas ósseas é a colocação de um molde ou tala de gesso, para manter a fratura estável até a cicatrização do osso. Para esta técnica, é importante estabilizar a articulação acima e abaixo da rutura. Devido à localização da fratura de Deuces, o gesso não foi considerado como opção. Ao optar pelo gesso para reparação de uma fratura, há a possibilidade de que a força da placa possa ser comprometida e a cicatrização prejudicada devido às forças de flexão quando o animal caminha sobre o membro.
Outra alternativa é a colocação de um parafuso no canal medular (centro do osso) e de uma placa ao longo da diáfise femoral. Contudo, esta solução pode trazer alguns problemas, pois existe a possibilidade de o parafuso migrar e causar danos nos nervos.
Devido a todas estas restrições, a situação de Deuces era ideal para se experimentar uma nova alternativa, o I-Loc.
“O I-Loc é um implante novo que acrescenta muita estabilidade ao membro, e temos tido excelentes resultados quando o usamos para tratar casos de trauma veterinário.”
Este implante conta com uma grande haste intramedular que tem quatro furos, dois na parte superior e dois na parte inferior. Os parafusos são enroscados transversalmente, através desses furos para manter o parafuso no lugar, estabilizando o mesmo.
O OrthoView é um software que é utilizado para determinar o tamanho I-Loc para cada paciente. Muitas vezes os ossos do fraturados estão partidos em várias partes, pelo que se utiliza a pata saudável para realizar o planeamento cirúrgico.
“Outra caraterística agradável do I-Loc é que, normalmente, não precisa de ser removido.” Porém, num reduzido número de casos, ocorrem infeções e aí deverá proceder-se à sua remoção.
“Dois dias depois da cirurgia, Deuces estava de pé e a caminhar, não precisava de reabilitação naquele momento”, explica Marturello. Quatro semanas depois da cirurgia, o cão estava a recuperar bem e apresentava apenas um leve coxear.