A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) anuncia a liderança do consórcio Welfarmers, um projeto inserido no Programa Horizon Europe, que engloba oito países da União Europeia representados por instituições de ensino superior, centros de investigação, organizações representativas do setor da suinicultura e órgãos de comunicação social.
O projeto insere-se no capítulo Governance e destina-se à transferência de conhecimentos entre os suinicultores destes países no âmbito do bem-estar animal, com especial enfoque no corte de caudas, castração e fim das jaulas.
Este consórcio, denominado de Welfarmers, apresentou a candidatura a uma call europeia dentro do programa HORIZON EUROPE, que contempla ainda a criação de plataformas digitais para medir os níveis de bem-estar animal aplicado em vários países europeus, através da utilização de sistemas de integração de dados anteriormente utilizados na saúde humana, que vão permitir reforçar o bem-estar dos animais em toda a cadeia de produção de suínos, contribuindo assim para sistemas de produção sustentáveis.
De acordo com o comunicado enviado à VETERINÁRIA ATUAL pela FPAS, “o projeto criará plataformas para quantificar o nível de bem-estar dos animais nas explorações pecuárias de diferentes países, monitorizar a evolução da adaptação dos produtores às novas normas de bem-estar dos animais (barreiras e soluções) e avaliar os impactos socioeconómicos ao longo da cadeia de abastecimento e garantir a sustentabilidade dos produtores, manter os empregos no setor e a competitividade com países terceiros que não oferecem os mesmos padrões de bem-estar animal e segurança dos alimentos para animais”.
O estudo centrar-se-á apenas numa espécie, os suínos, para maximizar o progresso com os recursos disponíveis, mas servirá, posteriormente, de modelo para outros setores pecuários da UE.
Na base da motivação dos Welfarmers está o bem-estar dos animais nas explorações, “que só poderá fazer progressos significativos se representar todos os aspetos da sustentabilidade; os aspetos sociais (bem-estar humano e animal), os aspetos ambientais (emissões) e os aspetos económicos (viabilidade económica das explorações agrícolas)”, pode ler-se em comunicado.
David Neves, Presidente da FPAS, refere que “embora a UE tenha os mais elevados padrões de bem-estar dos animais do mundo, com a nova estratégia “Farm to Fork”, a UE pretende ir mais longe para ter uma cadeia alimentar mais sustentável e amiga do ambiente. Nesse sentido, os produtores de suínos europeus, conscientes da necessidade de melhorar os sistemas de produção, querem contribuir decisivamente para que que a estratégia “Farm to Fork” se torne uma realidade. Contudo, a implementação destas medidas exige investimento nas explorações a par de uma gestão eficiente, que só é possível com a adequação correta das medidas a adotar, onde a investigação terá um papel fundamental.”
Já o coordenador do projeto, António Tavares, salienta que “as condições de produção são diferentes do norte para o sul da Europa devido a vários fatores, como o clima, a estrutura de produção e os impactos das alterações climáticas. No entanto, estas diferenças não podem justificar diferentes níveis de bem-estar no espaço europeu e a investigação deve ser capaz de fornecer soluções para alcançar uma homogeneidade. É fundamental investigar novas técnicas de produção e divulgar os resultados de todos os produtores europeus para atingir este objetivo comum, considerando as diferentes realidades dos sistemas de produção na UE.”
O projeto tem a duração de 3 anos e início em 1/1/2024 e tem um budget total de 3.000.000€ e a FPAS é a entidade coordenadora com a responsabilidade do controlo de todo o processo.
A primeira reunião para o lançamento oficial do projeto é organizada pela FPAS e decorrerá no Montijo nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro.