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Animais selvagens

Covid-19: Armadilhas fotográficas analisam comportamento animal antes e pós confinamento

Covid-19: Armadilhas fotográficas analisam comportamento animal antes e pós confinamento iStock

A pandemia de Covid-19 trouxe alterações de hábitos e comportamentos por parte dos animais, sendo que alguns mamíferos se tornaram mais ativos em zonas urbanas durante o período noturno e os animais herbívoros foram o que menos impacto sentiram relativamente aos humanos quando comparados com os carnívoros. Estas são as conclusões de um estudo que montou diversas armadilhas fotográficas em 21 países nos períodos pré e pós-confinamento, estudando 102 imagens de 163 espécies.

O estudo teve como principal objetivo avaliar as alterações no comportamento dos mamíferos em resposta às mudanças na atividade humana em função dos períodos de confinamento e não confinamento.

 

“Os animais muitas vezes visualizam os humanos como ameaças e, posteriormente, ajustam os seus comportamentos para evitar pessoas no espaço ou no tempo. Por outro lado, alguns animais são atraídos pelos humanos, seja para obter benefícios ou para proteção contra predadores”, explica o estudo.

A atividade animal em zonas mais desenvolvidas, isto é, em cidades, aumentou 25% quando existia uma presença humana mais elevada. A análise também verificou que os animais eram menos ativos em áreas menos desenvolvidas.

 

O estudo indicou também que os carnívoros pequenos e grandes, assim como pequenos herbívoros e omnívoros aumentaram a sua atividade em áreas mais desenvolvidas, numa subida que se registou ser de cerca de 54%. A resposta foi muito mais fraca para grandes herbívoros e, completamente oposta, para grandes omnívoros, que diminuíram a sua atividade quando a presença humana aumentou, uma redução de cerca de 50%.

“Esta resposta negativa foi comum em todos os grandes omnívoros, tais como javalis, urso preto americano e urso pardo, e pode ser impulsionada pela sua atração por recursos alimentares antropogénicos (por exemplo, caixotes do lixo e árvores de frutos), que podem ser menos arriscados de alcançar quando a atividade humana é reduzida”, explicam os cientistas.

 

No entanto, de acordo com o estudo, “os animais não apresentaram respostas negativas relativamente a uma maior atividade humana, em vez disso, as respostas foram altamente variáveis entre espécies e locais”.

O estudo também esclarece que a deteção de animais foi mais propensa a diminuir em lugares com maior atividade humana em tipos de habitat mais abertos, como campos ou desertos, em relação a habitats mais fechados, como florestas. A análise explica que “as perceções de risco dos animais são influenciadas pela disponibilidade de cobertura”.

 

“Um padrão surpreendente é que as respostas dos animais à atividade humana variaram com o grau de modificação da paisagem pelo homem”, sublinham os investigadores, explicando que os resultados “sugerem que a tolerância ao risco e os comportamentos associados variam entre os animais em função de contextos mais ou menos desenvolvidos”.

Desta forma, “à medida que a atividade humana aumentou, muitas espécies em paisagens mais modificadas pelos humanos surpreendentemente tiveram maior atividade no geral, embora essa atividade tenha sido mais noturna, sugerindo que os animais que persistem nesses ambientes procuram algo, mas ainda tentam minimizar encontros com pessoas”, explicam os investigadores.

“O nosso estudo destaca o valor de aprender com experiências não planeadas causadas por rápidas mudanças na atividade humana ou outros eventos extremos”, salientam os cientistas.

As armadilhas fotográficas foram colocadas pelos cientistas entre março de 2020 e janeiro de 2021.

 

 

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