É só comigo ou a chegada do Outono trás um misto de nostalgia dos dias quentes do Verão e ao mesmo tempo um aconchego peculiar? Aquele friozinho suave que pede um casaco, uma manta no sofá e aqueles pratos fantásticos com sabor a batata-doce, castanhas e abóboras. O impacto que a mudança de estação tem na natureza reflete-se também em nós: parece que ficamos um pouco mais preguiçosos, com menos energia, mais ansiosos e agitados mentalmente!
Engane-se quem pensa que vamos falar de culinária ou biorritmos, porque o tema são negócios. Mas temos que ser realistas e por mais dedicados e empenhados que estejamos, a nossa condição humana influi nas nossas ações e resultados. O bom senso defende que para melhorarmos a nossa qualidade de vida, diminuirmos os conflitos e o stresse temos que trabalhar menos. Por outro lado, de acordo com os standards da sociedade, para conseguirmos um impacto significativo no mundo e ter sucesso temos que colocar o trabalho à frente de quase tudo na nossa vida. Vivemos nesta ambiguidade, por vezes sofrida, entre o tudo fazer, realizar as nossas vontades e sonhos, os nossos objetivos e seus prazos de validade.
Muito se vem estudando sobre estes temas e há correntes para gostos diversos. Eu acredito que quando escolhemos deliberadamente tomar consciência do quê e de quem é verdadeiramente importante para nós e quando fazemos refletir nas nossas ações, seja no trabalho ou fora dele, os nossos valores começamos a percorrer o caminho do sucesso. Se estivermos interessados em ser verdadeiros connosco próprios, servir os outros e crescer enquanto pessoas, desenvolvemos uma capacidade de focar de forma cirúrgica aquilo que é realmente importante e com significado, de dizer não e de delegar.
Put first things first são palavras de Stephen Covey que me inspiram no meu dia-a-dia pessoal e profissional: organizar o tempo à volta do que é mais importante para nós. Todos fomos presenteados com 24 horas por dia, 7 dias por semana e 52 semanas por ano, mas a realidade é que ouvimos algumas pessoas em desabafo que não têm tempo para nada, que gastam o tempo a resolver coisas urgentes (“passo o dia a apagar fogos”) e que se sentem culpadas porque o relógio não reserva o tempo que gostariam para os filhos e família. Por outro lado, temos exemplos de outros considerados bem-sucedidos, que parecem conseguir o suprassumo da eficiência na gestão do tempo.
São práticas comuns gastar o tempo a gerir crises e planos dos outros, a tentar fazer tudo, a ceder às pressões do momento. Será que existe uma fórmula para a eficiência? Já pensaram sobre isto?
Vamos fazer um exercício: escreva as 5 coisas mais importantes da sua vida (pessoal, profissional…o que entender). Quando acabar priorize; qual a número 1 e daí em diante até à menos importante. Agora, pare um pouco e pense em uma atividade que tem a certeza que se fizesse muito bem e de forma consistente, adicionaria resultados fantásticos à sua vida. A parte mais difícil está feita. O caminho daqui para a frente It´s a piece of cake.
- Foque-se nas suas prioridades, ou seja, a forma como gastamos o nosso tempo distribui-se em função da urgência das tarefas e da sua importância. Quando somos eficientes investimos a maioria do tempo em tarefas importantes, mas não urgentes: nos nossos objetivos, no planeamento e na prevenção, na aprendizagem, em ações proactivas e não a gerir as crises e os planos dos outros.
- Elimine o que não é importante. Tentar fazer tudo ao mesmo tempo, procrastinar, gastar o tempo em mexericos e trivialidades, reuniões e telefonemas sem importância são os seus ladrões de tempo. Elimine-os ou delegue o que puder. Não queira ser o centro do mundo.
- Faça o planeamento da sua semana. Espero que planeamento tenha sido a atividade que lhe veio à cabeça no exercício lá atrás, que o ajudaria a melhorar a sua eficácia. Comece por colocar na agenda as coisas que não podem mesmo falhar esta semana nos seus papeis familiares e profissionais e depois, em torno dessas, vá colocando as restantes tarefas e compromissos.
Nestas coisas do planeamento primeiro estranha-se depois entranha-se. Confesso-vos que é das coisas mais importantes que faço e que considero vital para o meu equilíbrio e progresso. Às vezes falho, claro que sim… mas não quero imaginar o que seria sem nenhum planeamento. E isto leva-me à última nota que vos quero deixar, talvez a mais dura.
- Mantenha-se íntegro no momento da escolha. O nosso caráter revela-se na altura de escolher entre as nossas prioridades e as pressões do momento, e só nós sabemos o quanto somos colocados à prova tantas vezes por dia. Quantos de vocês já planearam tirar a manhã para preencher a vossa folha de cálculo dos KPI’s do negócio, mas de repente parece que se tornou urgente ir responder a uns emails ou ir fazer encomendas de rolos de papel, como se essas tarefas não estivessem lá daqui a uma ou duas horas ou não houvesse outra pessoa habilitada para resolver o assunto além de vós?
Quando alinhamos as nossas escolhas pelos nossos valores e objetivos, quando existe priorização, foco, disciplina e integridade tornamo-nos pessoas mais felizes e menos permeáveis à crítica e censura da instituição sociedade que normaliza. E como que por milagre, passamos a construir relações mais saudáveis e felizes com aqueles que gravitam nas nossas vidas, com impacto no valor que acrescentamos aos nossos negócios.