No paradigma contemporâneo da competitividade é fundamental que as nossas empresas sejam capazes de irem além da abordagem tradicional de custos/benefícios e redefinam a noção de valor, imperativa para a sobrevivência e sucesso deste negócio emocional. Esta ideia coloca os recursos humanos, as pessoas, no centro da equação de fatores críticos de sucesso e lança novos e exigentes requisitos aos nossos líderes.
Hoje em dia, os ciclos de vida dos produtos e dos serviços que vendemos são mais curtos, os mercados mais voláteis, os clientes mais informados e exigentes e os postos de trabalho e as competências para os desenvolver tornam-se insuficientes ou obsoletos mais rapidamente graças à evolução tecnológica e globalização. Na nossa área, quando dispensamos pessoas é na maioria das vezes por extinção do seu posto de trabalho ou substituição por trabalho mais barato. Previsivelmente, nesta nova era as pessoas tornaram-se menos leais, o que significa que aquelas que possuem uma boa combinação de competências são as que mudam de emprego sem problemas, aceitam novos desafios ou até trabalham de forma independente. E com isto, as nossas empresas gastam grandes somas de dinheiro e tempo para superar este turnover, esquecendo-se por vezes que eram estas pessoas que detinham o conhecimento core e a propriedade intelectual que acrescentava valor à empresa.
Estudos realizados pela Gallup identificaram que cerca de 18% dos colaboradores das empresas estão tão infelizes com o seu trabalho que a sua inoperância condiciona o desempenho dos seus colegas, com custos altíssimos para o negócio. Por outro lado, empresas com colaboradores envolvidos, entusiasmados e comprometidos aumentam a produtividade, rentabilidade e satisfação do cliente. Apesar de já se notarem singelas mudanças no sector veterinário, a verdade é que ainda é frequente o assunto “pessoas” ser deixado à mercê do acaso.
Temos que olhar para as nossas equipas como um ativo que necessita de investimento e dar ênfase à aprendizagem e desenvolvimento de competências que suportem estas mudanças, que cada vez serão mais rápidas e imprevisíveis; alinhando os interesses, talentos e objetivos dessas pessoas com as necessidades e estratégia do negócio. Isto conduz à confiança e lealdade.
Além da formação e aprendizagem, é importante falar-se em motivação. Mas o que é a motivação? De forma grosseira, motivação é a energia para agir. E uma das principais razões pelas quais não conseguimos motivar as nossas pessoas é porque assumimos, de forma naive, que a motivação é uma coisa que a pessoa tem ou não tem. Os incentivos tradicionais falham quando se trata de levar as pessoas a um desempenho ao nível da excelência. Podem até funcionar temporariamente, mas para atingir o máximo, as pessoas têm de gostar do que fazem e ter prazer em fazê-lo.
As emoções são, literalmente, o que nos move na busca dos nossos objetivos, alimentam as nossas motivações, dirigem as nossas perceções e modelam os nossos atos. Por isso não podemos fazer um bypass às razões pelas quais o ser humano trabalha. Todos os dias, quando vamos para o emprego, enfrentamos um processo pessoal interno de avaliação do nosso contexto de um ponto de vista cognitivo e emocional e desse processo resulta, ou não, uma sensação de bem-estar, de motivação ótima – energia positiva, vitalidade e vontade para perseguir os nossos objetivos.
O que nos leva outra noção importante: motivação é uma competência. Podemos aprender a criar um estado de motivação ótimo. E é aqui que os líderes e gestores de equipa podem ter um papel fundamental, ajudando as suas pessoas a passar de estados de submotivação para estados de ótima motivação que impelem a agir.
Suportada pela minha experiência pessoal e profissional, resumo abaixo algumas mensagens que podem fazer a diferença na gestão das nossas pessoas e equipas:
- Faça bem o básico: conheça as suas pessoas, faça perguntas e escute com atenção. Não esqueça o feedback. Partilhe o sucesso com a equipa.
- Aposte na diversidade: aumente o leque das fontes dos talentos, contrate pessoas de outras áreas. Diversidade significa pessoas com perspetivas diferentes da sua.
- Repense a sua estrutura laboral e adapte o modelo para reter e atrair colaboradores.
- Pense nas necessidades de formação das suas pessoas, principalmente as soft skill´s, sem nunca esquecer o treino básico para o desempenho da job description.
- Monitorize e avalie, mas com critérios claros e transparentes.
- Confie nas suas pessoas para que elas tomem as suas próprias decisões.
- Olhe para o seu estilo de liderança e comunicação: o que é que as suas ações dizem sobre integridade, honestidade e consistência?
Empresas com líderes inclusivos, além de serem recompensadas com sucesso no mercado, posicionam-se como atrativas para pessoas com potencial, assegurando assim um ciclo vicioso que retém e atrai colaboradores e clientes.