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Opinião

Gestão “gaivota”

tiro ao alvo Veterinária Atual

Quando falamos de tiro ao alvo sempre me disseram para apontar ao centro. A razão é que, se falhar o centro, ainda assim acertará no alvo. Se apontar para o alvo e falhar, então não teremos acertado em nada.

Perdoem-me a ignorância desportiva porque agora não consigo identificar a fonte, mas li em tempos que o coach de uma equipa de futebol americano lhes dizia que o alvo para o qual estavam a apontar era vencer todos os jogos. Um pouco ambicioso, concordam comigo? A verdade é que se não estivermos sempre e de forma consistente à procura da excelência, dificilmente lá chegaremos. Para aqueles de nós que querem liderar as suas equipas ao nível da excelência, temos primeiro de compreender o que é necessário para que as nossas empresas tenham desempenhos superiores e a partir daí apontar o alvo certo.

A energia de todos deve estar concentrada em atingir 3 grandes objetivos: ser o fornecedor preferencial, o empregador preferencial e, nos tempos que correm, vale a pena pensar em ser o investimento preferencial.

Ser o fornecedor preferencial, a clínica na cabeça dos clientes, A marca, está a tornar-se um desafio cada vez maior. A concorrência é feroz e está sempre a aumentar, os clientes são mais exigentes e esperam ter o que querem, quando querem e de forma personalizada para atender às suas necessidades. A verdade é que se não tomarmos conta dos nossos clientes, outro o fará por nós.

Ser o empregador preferencial é trabalho hercúleo. É importante atrair os melhores e sabemos que um bom salário já não é suficiente, eles querem mais: procuram oportunidades onde sintam que a sua contribuição é valorizada e recompensada, onde são envolvidos e lhes são delegados poderes, onde conseguem desenvolver competências e acreditar que estão a fazer a diferença.

Sabemos que as pessoas que compõem a nossa equipa são muito importantes porque os nossos negócios, hoje em dia, são avaliados pela rapidez com que conseguimos responder às necessidades e problemas dos clientes. Quem interessa aos clientes são aqueles que atendem o telefone, que o recebem e cumprimentam, que apontam os seus pedidos e resolvem os seus problemas ou respondem às suas reclamações. Isto significa que é importante criar uma estrutura organizada e flexível que permita às equipas fazer o seu melhor.

E como fazemos isso na nossa vida atribulada, entre todos os papéis que temos para desempenhar? Deixo-vos com duas palavras mágicas: confiança e delegação. E é aqui que começam muitos dos nossos problemas. Concordam?

No meu dia-a-dia, nos projetos de consultoria, quando pergunto aos colaboradores se acham que estão a fazer um bom trabalho, a maior parte diz-me que “Não sei”, “Acho que sim”. Quando lhes pergunto como é que sabem, respondem-me “Porque não tenho levado nas orelhas”. Impera o no news is good news, ou será mais o… deixar por conta e risco? Quando é cometido um erro, os “gestores gaivota” aparecem a voar, fazem imenso barulho, criticam toda a gente e saem a voar. Este estilo de liderança é muito frequente e muitas vezes nem nos apercebemos que, ao atuarmos assim, envenenamos a confiança e inviabilizamos a delegação. As empresas mais bem-sucedidas do mundo vencem a sua concorrência porque tratam bem os seus clientes e fazem-nos porque as suas equipas estão entusiasmadas com a visão e percebem como podem servir o cliente de uma forma superior. Delegar nelas esta tarefa é deixar que tragam a “cabeça” para o trabalho e empreguem o seu conhecimento, experiência e motivação para criar resultados.

Infelizmente isto é tudo mais fácil de dizer do que fazer, porque se os líderes e gestores andam em luta interna entre a falta de confiança e os hábitos antigos, por vezes os colaboradores interpretam mal a delegação e acham que têm rédea solta para fazerem o que bem entenderem.

Para terminar deixo-vos com quatro ideias para refletirem:

  1. Tudo começa e acaba no cliente – decida qual a experiência que quer para os seus clientes
  2. Liderança tem a ver com ir a algum lado. Se nós e a nossa equipa não sabemos para onde estamos a ir, o tipo de liderança pouco importa;
  3. Delegar poderes ou tarefas significa que os colaboradores têm liberdade para agir. Significa também que eles são responsabilizados pelos resultados
  4. Tal como as linhas dos campos de ténis, os limites e processos que colocamos na gestão das nossas empresas, ajudam os colaboradores a continuar a marcar pontos e a melhorar o seu jogo.

 

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