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Opinião

Eficiência no controlo da sua tesouraria

dilen ratanji

No dia 17 de setembro participei com enorme prazer em mais uma edição do Vetbizz – Encontro Anual de Gestão Veterinária, em Lisboa, que contou com oradores com enorme experiência em áreas da gestão como os recursos humanos, marketing, direito laboral e finanças.

Contou ainda com a presença de ilustres convidados, intimamente ligados ao sector da medicina veterinária, que na “mesa redonda” discutiram sobre a concorrência existente no sector. Em relação a este tema, e quando questionado se vale a pena investir neste sector, a minha resposta não poderia ser mais pragmática: claro que sim, desde que a competência técnica esteja garantida e sejam desenvolvidos instrumentos de diferenciação em relação aos mais directos concorrentes.

 

Se houver inovação, tanto melhor. Esta será a verdadeira vantagem competitiva num mercado fragmentado e cada vez mais saturado. A este propósito, tive a oportunidade de apresentar algumas estatísticas oficiais que comprovam o crescimento do sector da medicina veterinária em volume de negócios e ainda na abertura de novas empresas (2012). De um ano para outro houve um aumento líquido de 37 novos centros veterinários no território nacional. Num país tão pequeno, mergulhado numa profunda crise económica e num sector altamente concorrencial, é de louvar a coragem destes empreendedores.

E sei que há alguns que estão a ter sucesso, porque souberam posicionar-se no mercado e marcar a diferença. Na cadeia de distribuição é claro que quem agradece é o consumidor final, que beneficia de uma ampla oferta de serviços a preços mais competitivos. Retomando as estatísticas, o volume global de negócios no mercado veterinário foi de 104 milhões de euros, mais 6,1% face ao ano de 2011, o que se traduz num aumento da facturação média de um CAMV de 99 para 101 mil euros. Estes números têm por base o CAE 75000 e 47762 (poucos CAMV neste CAE).

 

Quando se fala em investir num negócio é inevitável equacionarmos qual a ponderação de investimento por via de capitais próprios e capitais alheios. Existem fatores como o risco do negócio, o ciclo de vida (antiguidade do CAMV/empresa) e peso dos custos fixos na estrutura que condicionam o acesso aos capitais alheios. E cada vez mais, dada a actual enorme restrição na concessão de crédito por parte das instituições bancárias. Também referi algo que senti ter criado alguma surpresa junto da audiência, relacionado com o efeito de alavancagem: basicamente, a ideia da alavancagem é que a rentabilidade dos capitais próprios investidos em determinado projecto aumenta à medida que a percentagem de capitais alheios utilizados é maior, desde que o nível de capitais alheios não seja tão elevado que ponha em risco a viabilidade do projecto.

Ou seja, mesmo tendo capitais próprios pode compensar investir com capitais alheios. Parece contraditório? Sim, mas é um facto. Analise o seguinte exemplo (fictício), que apresenta as fórmulas de cálculo, e tire as suas ilações. Uma conclusão imediata: neste exemplo, o melhor projecto será o C (investimento de 40% com capitais alheios), porque é o que apresenta a melhor taxa de rendibilidade dos capitais próprios.

 

Para um bom controlo de tesouraria, é fulcral sabermos gerir as dívidas dos nossos clientes. A regra de ouro passa por nunca deixar passar muito tempo a dívida, porque passará a incobrável muito rapidamente. Só desta forma não prejudicamos o ciclo de tesouraria do nosso CAMV. Não há fórmulas secretas ou universais para a cobrança de dívidas, mas a estratégia passa por efectuar várias abordagens sequenciais e alternadas entre telefonemas e cartas com aviso de recepção. O objectivo é que o cliente pague voluntariamente a sua dívida. Quando o CAMV se apercebe que está perante uma situação de cobrança realmente duvidosa, então é prudente avançar com um plano de amortização de dívida (que pode naturalmente ser negociada logo no início) a ser paga através do sistema de débitos directos (eficaz, económico e cómodo para ambas as partes), cheques pré-datados ou transferências programadas na banca electrónica. A responsabilidade de pagamento de uma dívida faseada deverá ser expressa por escrito e assinada pelo CAMV e pelo cliente, ficando este com uma cópia do documento. É aceitável termos no CAMV crédito vencido (dívidas de clientes) que representem cerca de 3% a 4% do total facturado no mesmo período, no entanto reitero para a necessidade imperiosa de prevenirmos o aumento das dívidas através de uma abordagem atempada ao cliente devedor. O controlo de tesouraria passa fundamentalmente por uma gestão rigorosa e disciplinada das contas do nosso CAMV. Se for bem gerido, evitaremos a escassez de liquidez e manteremos as nossas contas saudáveis.

(O autor escreve de acordo com a antiga ortografia)

 
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