O cancro é responsável por 27% das mortes em cães de raça pura, no Reino Unido, e 45% das mortes em cães com mais de dez anos de idade, segundo uma recente revisão científica da evolução da oncologia veterinária. Hoje, dia 4 de fevereiro, é o Dia Internacional do Cancro, uma data que foi escolhida com o objetivo de aumentar a consciencialização, a prevenção e a deteção da doença.
Apesar de esta iniciativa ser direcionada para a saúde humana, a Federação das Associações Europeias de Veterinária Animal de Companhia relembra que “o cancro tem sido também um problema de saúde comum na medicina veterinária”.
O cancro é uma doença bastante comum em animais de estimação, especialmente cães e gatos, e uma das principais causas de mortalidade. Contudo, de acordo com o autor do estudo, é difícil saber se a incidência de cancro em cães e gatos aumentou nos últimos anos, uma vez que não há registos históricos.
Este problema está a ser combatido desde que Portugal criou o primeiro registo oncológico animal, a plataforma Vet-OncoNet (Veterinary Oncology Network), desenvolvida pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
Também em Espanha, o Colégio de Veterinários de Alicante está a promover um projeto que propõe a criação de uma rede de clínicas veterinárias para reportar casos de cancro em animais de estimação, com o objetivo de criar um registo.
Há vários fatores que podem contribuir para o aumento dos diagnósticos de cancro entre os animais de companhia, nomeadamente as melhorias na saúde e bem-estar que fazem com que os animais de estimação vivam mais tempo.
Apesar de um possível aumento dos diagnósticos, verificou-se também um aumento da especialização veterinária, avanços em oncologia veterinária e as opções tecnológicas para o tratamento também aumentaram, permitindo aumentar as hipóteses de tratamento.
Contudo, nos casos de cancro é importante que haja uma consciência crescente da importância da qualidade e não só da “quantidade de vida”, nomeadamente através dos cuidados paliativos. Independentemente de terem sido feitos grandes avanços, há ainda muito trabalho a fazer em oncologia veterinária. Segundo o autor da revisão, a base de evidências para muitas das abordagens diagnósticas e terapêuticas atualmente utilizadas “é fraca”.