Numa altura em que a medicina veterinária enfrenta novos desafios há uma pergunta que se impõe: mudar ou resistir – qual o seu ADN? E foi à descoberta de uma resposta que mais de 200 médicos veterinários marcaram presença no passado dia 10 de outubro no Hotel Olissippo Oriente, em Lisboa, para assistir à 8ª edição do Vetbizz, o evento de gestão para médicos veterinários organizado pela revista Veterinária Atual.
O dia começou com a palestra de Sérgio Lobato, o médico veterinário que regressou ao Vetbizz desta vez para abordar os vários estilos de mudança na gestão veterinária. O orador tirou partido do seu estilo descontraído e motivador para abordar temas como estratégias de fidelização, a importância da gestão técnica e quais as melhores estratégias de comunicação. Para Sérgio Lobato, o médico veterinário deve dar os melhores benefícios aos melhores clientes.
Seguiu-se a sessão de Vet Experiences onde médicos veterinários partilharam na primeira pessoa quais os segredos do sucesso dos seus negócios. Rui Carvalho, diretor clínico do Hospital Veterinário de Santa Marinha, começou por explicar o crescimento do seu negócio, que começou com três médicos veterinários e que atualmente engloba 33 colaboradores, com uma ampliação de instalações prevista para 2019.
Para Rui Carvalho, esta evolução foi possível graças a três eixos estratégicos: 50% de sacrifício pessoal, 35% de gosto pela profissão e 15% de planeamento estratégico. Isto sem esquecer a importância de uma “equipa motivada”.
De seguida, Ana Cardoso, diretora comercial da ZU e Carlos Sousa, Sonae strategic adviser for veterinary and pet care da ZU, explicaram perante a assistência qual a importância dos médicos veterinários no modelo de negócio da ZU. Segundo Ana Cardoso “as competências profissionais dos médicos veterinários são um pilar para a ZU, que quer construir relações de confiança duradoura com os nossos clientes e tal só é possível com uma forte aposta em equipas especializadas e com formação académica em veterinária”.
Carlos Sousa explicou ainda o modelo de contratação dos médicos veterinários que trabalham na ZU, bem como as parcerias que estabelecem com os CAMV parceiros.
Antes da primeira pausa do dia coube a Dilen Ratanji analisar as novas tendências do setor veterinário numa palestra interativa e para a qual contou com a ajuda da plateia, que ia respondendo às perguntas do orador. Operações de concentração, os preços dos serviços veterinários, os novos serviços de bem-estar, planos de saúde, orçamento para campanhas de marketing e o papel do contabilista foram alguns dos temas em análise.
Mudar ou resistir?
Após a entrega dos Prémios Veterinária Atual e depois da pausa para almoço seguiu-se um debate em formato de mesa redonda sobre qual o caminho a seguir: se mudar ou resistir? Com a moderação a cargo de Sónia Ramalho, foram vários os temas debatidos por Susana Azinheira, diretora clínica do Alma Veterinária, Francisco Assis Costa, responsável pela Clínica Veterinária João XXI, Xavier Canavilhas, coordenador do Gabinete Jovem da OMV e Carlos Sousa, da ZU, como a falta ou o excesso de médicos veterinários no país, a falta de profissionais nas zonas do interior, o empenho dos profissionais perante a profissão, a disponibilidade dos profissionais mais jovens em fazer horas extra ou fins de semana e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
E este foi o mote para as palestras que encerraram o evento e que se centraram na felicidade em contexto laboral. Georg Dutschke, Partner do projeto Happiness Works, explicou qual a relação entre colaboradores felizes e maior produtividade, bem como quais os fatores que contribuem para a felicidade organizacional: Envolvimento com a função (19%), Desenvolvimento Pessoal (18%), Reconhecimento e Respeito (14%) e Ambiente de Trabalho (11%).
No seguimento destes números, Elisabete Capitão, médica veterinária e Vet Trade Marketing Royal Canin explicou como pode ser feita a gestão da felicidade dos colaboradores e quais os hábitos que promovem a eficácia: ser proativo; procure primeiro compreender e ser empático e por fim procurar o próprio equilíbrio.
E este equilíbrio pode ser fundamental para traçar a linha entre um ambiente de trabalho saudável e cair numa situação de burnout: um estado de exaustão físico e mental, resultado do exercício da atividade profissional em condições que desencadeiam stress intenso/crónico, sendo o trabalhador incapaz de o gerir eficazmente.
Foi o que aconteceu com a enfermeira veterinária Marília Domingos, que revelou na primeira pessoa como enfrentou uma situação de burnout que a levou a criar, em parceria com o Centro Para o Conhecimento Animal, o projeto ‘Mente Sã, Vet São” onde vários profissionais da área relatam na primeira pessoa situações que os levaram ao limite e o que fizeram para ultrapassar essa fase.
Recorde-se que nos EUA, 1 em cada 20 médicos veterinários confessaram sofrer de stress extremo, com os profissionais mais jovens a mostrar maiores sinais de stress relacionado com questões emocionais e financeiras.