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Especial Startups

“Trazemos uma adesão entre 25 a 30% superior aos planos de saúde prescritos pelos veterinários”

app Petable

A Petable é outro dos casos de sucess que nos últimos anos tem vindo a conquistar o seu lugar no mercado nacional. Uma app ‘Made in Portugal’ que no final de 2016 contava já com mais de 30 mil utilizadores a recorrem ao seu serviço de medicina preventiva para ajudar os donos de animais de companhia a comunicarem com os médicos veterinários e a manterem registo de tudo o que tem a ver com a saúde dos seus animais.

Bruno Farinha, CEO da Petable, explica à VETERINÁRIA ATUAL que quando foi criada há três anos, por si e pela sócia Inês Viegas, a plataforma tecnológica “era bem diferente do conceito atual”, focado na melhoria da perceção dos tutores dos animais sobre a necessidade de medicina preventiva e do impacto que cada decisão tem na saúde dos seus animais.

“A nossa solução começou por assentar numa ideia de plataforma de networking para clínicas veterinárias, através da qual veterinários e clínicas pudessem comunicar. Depois de montarmos a versão inicial do projeto, e de começarmos a falar com clientes começámos a perceber a necessidade que existia de uma plataforma de comunicação entre os veterinários e os seus clientes, que tivesse uma abordagem diferente do que existia no mercado”, revela.

“A Petable é a primeira plataforma do sector que trabalha efetivamente para os tutores de animais. Ou seja, todos os CRM, plataformas de marketing, limitam-se a criar mais canais para os veterinários sem se preocuparem com o outro lado da questão. Nós pensamos ao contrário. Pensamos em como facilitar a vida aos veterinários. Preocupamo-nos não só com a mensagem que querem transmitir, mas também em ter alguém do outro lado preocupado em ouvir essa mensagem. Na prática trazemos uma adesão entre 25 a 30% superior aos planos de saúde prescritos pelos veterinários. E isto faz toda a diferença”, acrescenta.

Para financiar esta ideia, no início de 2016 fecharam uma ronda de financiamento com a sociedade de capital de risco nacional Portugal Ventures, uma forma de iniciarem também a internacionalização da app.

Três anos depois do início deste percurso, a Petable acredita quer o impacto que as startups tecnológicas terão no setor da medicina veterinária “depende da capacidade do sector de fugir ao status quo e de se adaptar aos tempos modernos. Controlar a mensagem, a forma como ela chega aos nossos clientes e estarmos do outro lado dispostos a adaptar o conteúdo da mensagem ao recetor é chave em todos os sectores. Quanto mais cedo, dentro da prática diária da clínica, se criar a perceção de que controlar essa mensagem é a melhor forma de continuarem a ser os veterinários a ditar o rumo da saúde animal mais impacto podemos ter”.

De acordo com Bruno Farinha existiram já diversas áreas em que essa necessidade não foi percebida a tempo, o que acaba por conduzir as organizações “a uma disrupção forçada.” “Acredito seriamente que quanto mais a clínica veterinária, e os clínicos veterinários, entenderem isso mais valorizada será a profissão, o que permitirá que continuem a ser os veterinários a definir o rumo da saúde animal e não a serem dirigidos para rumos diferentes. Por exemplo, no sector dos transportes e do alojamento havia a perceção de que havia uma maneira certa de fazer as coisas e quando deram conta de empresas como a Uber e a AirBnb já era tarde demais. A disrupção foi feita nos termos de outros que não os principais interessados nesses mercados”.

Por outro lado, o CEO da Petable acredita que “temos em Portugal (…) algumas condições perfeitas para criamos um hub de inovação muito interessante para a nossa economia. Acesso a talento técnico de capacidades únicas, clima e qualidade de vida muito interessantes – na era dos millennials e do ‘trabalho para impacto’, estas duas características têm imensa importância.”

No entanto, sobre o “ambiente atual de empreendedorismo que se vive em Portugal” refere que “é importante definirmos melhor o que queremos enquanto sociedade. Há dois caminhos diferentes associados a este boom de empreendedorismo e acho que Portugal está a tentar cavalgar por ambos ao mesmo tempo e isso vai dificultar a transformação de um ‘hype’ temporário numa alteração dos fundamentos da nossa sociedade. “

“Dou dois exemplos: a Irlanda criou uma alteração fundamental na sua sociedade nos anos 70, 80 e 90 e criou uma base para uma sociedade que vive sobretudo de serviços altamente especializados. Em Israel, sobretudo em Telavive, tivemos uma cidade que se desenvolveu em torno de um boom de empreendedorismo e de uma série de empresas de enorme valor que lá foram construídas – negócios criados de raiz. Em Portugal estamos a tentar, por um lado, atrair empresas estrangeiras, competindo pela nossa qualidade, mas sobretudo pelo custo da nossa força laboral, e ao mesmo tempo estamos a querer criar uma valorização de startups que estão a ter cada vez mais dificuldades em recrutar portugueses porque competem com empresas estrangeiras por esse mesmo talento. Resumindo: acho que estamos numa encruzilhada importante na nossa economia (pelo menos em tudo o que está associado ao empreendedorismo) e o caminho que escolhermos deve ser sustentado, de forma a permitirmos que cada vez mais possamos transformar a capacidade dos empreendedores e dos talentos portugueses numa alteração permanente da sociedade portuguesa e da nossa capacidade produtiva”, conclui.

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