Investigadores das universidades de Hartpury, Chester e Bolton, no Reino Unido, estudaram a relação complexa entre os animais e tratadores em jardins zoológicos e concluíram que os tratadores limitam a sua interação com os animais para manter uma ‘ilusão de natureza’. Foram analisados 14 tratadores de zoos de diferentes parques no Reino Unido e Nova Zelândia.
O estudo, publicado na revista Anthrozoos, revelou as reflexões dos tratadores, que avaliaram as suas experiências com as diferentes espécies ao mesmo tempo que tentam garantir cuidados de qualidade para os animais.
Segundo os investigadores, é difícil manter um comportamento ‘neutro’, embora a relação com os animais deva ser limitada por forma a manter a ilusão de que estes estão em meio natural. Uma das dificuldades apontadas pelos inquiridos para a manutenção de tal neutralidade foi, por exemplo, o seu papel na criação de um animal abandonado pela progenitora desde pequeno.
“O estudo destacou que se espera que os tratadores de zoológicos se distanciem dos animais selvagens com os quais estão a trabalhar. No entanto, muitos tratadores interagem mais com os animais sob os seus cuidados do que muitas pessoas com seus animais de estimação”, explicou Vicki Melfi, professora de interações homem-animal na Universidade de Hartpury, citada pelo portal MRCV.
“Espera-se que os donos de zoológicos deem aos animais tanto amor e compaixão quanto dariam aos seus animais de estimação, mas os animais ‘selvagens’ não são animais de estimação, por isso é necessário manter a distância emocional e física.”
Os cientistas esperam agora que as suas descobertas contribuam para as perceções sobre o papel do vínculo homem-animal no manejo dos animais de jardins zoológicos.
“Há um grande nível de humanidade demonstrado pelos entrevistados neste estudo, e pelas pessoas que cuidam dos animais de forma mais ampla, fazendo a coisa certa para o bem-estar e conservação dos animais”, continuou Melfi.