Durante a XVII Conferência Internacional da Sida, realizada entre os dias 3 e 8 de Agosto, no México, reavivou-se a possibilidade de reduzir, de forma drástica, o número de infectados através dos anti-retrovirais.
Segundo o “Diário de Notícias”, a teoria sustentada por Myron Cohen, docente na universidade norte-americana da Carolina do Norte, baseia-se no facto de não existirem praticamente vírus no sangue e nos fluidos genitais de infectados com VIH, desde que se encontrem devidamente medicados.
Por conseguinte, diminuem as possibilidades de transmissão do vírus por via sexual.
Apesar de os resultados de Cohen basearem-se unicamente em testes laboratoriais realizados em animais, o professor já iniciou um estudo que abrange 1.750 casais serodiscordantes (casais em que um parceiro está infectado e o outro não), para que se possa comprovar se uma adequada administração de anti-retrovirais diminui as probabilidades de transmissão.
Em adição, «ao tratar as pessoas, conseguimos com que não haja vírus circulantes no sangue e na maioria dos casos isso tem um acompanhamento da redução dos vírus nos fluidos vaginais. Um doente tratado é um doente em que a probabilidade de transmitir a infecção para outras pessoas é de facto muito baixa», sublinhou o chefe de medicina interna do núcleo de estudo do VIH, do Hospital de Cascais, José Vera.
Durante aquela conferência, Júlio Montaner, do Centro de Excelência do VIH na Colômbia Britânica, no Canadá, revelou que o aumento da cobertura de tratamento com anti-retrovirais dos actuais 50% para os 75% acarretaria uma descida de novas infecções da ordem dos 30%.
«Já sabíamos que a expansão do tratamento podia ajuda a reduzir o número de novos infectados, mas ficámos surpreendidos com o número real de infecções que podem ser evitadas», contou Montaner.
Daí que este seria um bom argumento para alargar o tratamento a muitos milhares de pessoas, já que vários países ainda se mostravam relutantes em financiar estes medicamentos que chegam a atingir preços excessivos.
Contudo, Myron Cohen alertou que apesar de existirem «várias razões para pensar que o tratamento actua como prevenção», também se teve ter em consideração a ocorrência de blips, isto é, subidas transitórias da carga viral com episódios de libertação viral no aparelho genital, doenças sexualmente transmissíveis não diagnosticadas, bem como o espaço de tempo entre o aumento de carga viral por aparecimento de resistências, que se segue à falência da combinação anti-retroviral, e a próxima consulta médica, e a possibilidade de uma super-infecção por vírus resistentes à medicação.
Sida: Disseminação da doença poderá ser evitada
São cada vez mais os estudos que confirmam que o tratamento do VIH também previne novas infecções. Para os cientistas, desde que o paciente esteja medicado, a transmissão por via sexual é praticamente impossível.