Pegando no tema do Expresso Curto de hoje – “Sem culpa nem desculpa” – vamos lá falar de férias. Há um ano referíamos que esta altura – o Verão – era a época que mais stresse gerava nas equipas veterinárias e também naqueles que as lideram. Porquê? Devido a dificuldades de antecipação, planeamento e organização dos colaboradores, o que resulta em equipas mais reduzidas para o mesmo volume de trabalho, por vezes despreparadas, realização de horas extra, má gestão de tempo e consequente aumento dos tempos de espera dos clientes, conduzindo muitas vezes a serviços percebidos de menor qualidade e até conflitos e reclamações. O caos instalado!
Como andamos este ano nestes temas? Estas memórias sofridas de anos anteriores criam aquele friozinho na barriga na altura de marcar o avião. Se por um lado queremos muito desaparecer de cena para um paraíso qualquer sem rede de telemóvel (mas com dados para as selfies…), por outro quem está nas linhas de decisão e comando é assombrado pela falta de confiança nas suas equipas, e aquela vozinha interior da húbris que nos sussurra: ”ninguém fará como eu”, “não sabem fazer nada sem mim”…
A realidade é que vai de férias, certo? Digo-lhe que pode encarar este momento de duas maneiras: uma boa e outra menos boa. Pode ir de férias deixando a sua equipa com instruções claras e confiar no seu trabalho e discernimento para fazer um trabalho eficiente ou pode escolher ir até ali ao Algarve, olhando para a câmara de vigilância da clínica no telemóvel a cada hora e todo o momento, tentando encontrar um motivo qualquer para ligar aos colegas a provar a necessidade da sua assistência.
A escolha é sua.
Stephen R. Covey dizia “Trust is the highest form of human motivation. It brings out the very best in people”. “Train to trust” é o lema do nosso colega Dr. Ernie Ward.
Acredito que já perceberam onde quero chegar.
A confiança afeta os nossos resultados em dois indicadores distintos: na velocidade com que desempenhamos o nosso trabalho e no custo inerente ao mesmo. Ou seja, quando a confiança é baixa, a velocidade desce e o custo aumenta; pelo contrário, quando a confiança é alta, a velocidade de desempenho é maior e o custo menor.
No nosso papel de gestores e líderes seria naive confiar às cegas, sem monitorizar. É aqui que entra o treino. Para que possamos confiar nas nossas pessoas temos que lhes dar as ferramentas necessárias para que possam ser bem-sucedidos e terem a informação para tomar decisões acertadas com benefício para o cliente e para a empresa. Pense comigo: nas relações que tem onde existe confiança, como é a comunicação com essas pessoas em quem confia? Na minha experiência é fácil e rápida. Mas quando não confiamos, a comunicação é ineficaz até nas coisas mais triviais, assumimos nas entrelinhas e “achamos” coisas!
E porque é verão e não há tempo para ler grandes rúbricas, deixo-vos com 5 hot topics:
- Faça destas férias um momento de crescimento pessoal seu e da sua equipa. Escolha um coordenador para a equipa que lidere na sua ausência, um elemento bom comunicador e bom negociador e não um “dedo-duro”.
- Comece já a preparar a equipa e a formar o coordenador, deixando que ele faça a gestão da operação, ainda com a sua presença no negócio. No final de cada diafaça 5 minutos de debriefing com a equipa sobre o que correu mal e como devem proceder em situações semelhantes.
- Não recrute colaboradores novos ainda em período experimental na sua ausência. Isto pode causar muita frustração nesse colaborador e na equipa.
- Deixe uma check-list daquilo que não pode mesmo falhar e explique porquê a toda a equipa. Clarifique também quais os momentos específicos em que podem ligar-lhe.
- Vá de férias e confie. Disfrute cada momento. Não ceda à tentação de vigiar nas câmaras do telemóvel nem ligar de hora a hora. Todos somos substituíveis e muito mais por um período de 15 dias 😉
Bons negócios e boas férias.