A investigação descobriu que aqueles "assobios ", segundo a “BBC News”, são únicos em cada animal, funcionando como uma forma de identificação.
O facto dos golfinhos serem altamente sociáveis leva a que, muitas vezes, durante as primeiras semanas de vida, as crias interajam com muitos animais adultos, podendo confundi-los com a progenitora.
«A explicação mais óbvia para o aumento da produção deste “assobio” maternal reside na necessidade da mãe estabelecer contacto com a sua cria», elucidou a zoóloga Deborah Fripp, do Jardim Zoológico de Dallas (Estados Unidos).
Contudo, segundo a mesma responsável, o facto de a frequência do “assobio” baixar passadas três semanas não confirma aquela teoria, uma vez que as crias tendem afastar-se da progenitora à medida que vão crescendo.
Por isso, segundo Fripp, o objectivo do “assobio”, logo após o parto, dar início a um processo rápido de aprendizagem, que acontece muito cedo na vida dos animais sociais e que estabelece um padrão de comportamento que, neste caso, permite aos golfinhos reconhecer as suas progenitoras.
Por outro lado, o processo também ajuda a evitar que as fêmeas roubem recém-nascidos de outras progenitoras.
Fripp investigou o uso do “assobio” maternal em quatro golfinhos, mantidos em cativeiro no zoológico Kolmardens Djurpark, em Kolmarden, na Suécia. Cada uma das progenitoras, Nephele, Vicky, Delphi e Lotty, tinha a sua própria cria.
Assim que Lotus, filho de Lotty, nasceu, Vicky roubou-o e encaminhou-o para a superfície. Lotus ficou com Vicky até o sexto dia, altura em que foi retirado da piscina para um dia de tratamento médico. Quando colocado novamente na piscina, foi recuperado pela mãe Lotty.
«Estes incidentes geralmente acontecem no primeiro dia de vida do animal. Depois, aqueles tipos de apropriação acabam por se tornar mais raros porque o processo de aprendizagem foi entretanto iniciado», explicou Fripp.
Passadas duas semanas de vida, três crias morreram, sobrevivendo apenas Lotus. «Infelizmente, com apenas um golfinho a sobreviver até a terceira semana, e sendo um golfinho que teve uma primeira semana atípica, a evidência para mostrar como ocorre o retorno aos níveis normais de produção do “assobio” não é sólida. É necessário realizar mais investigações», concluiu.
Roaz-Covineiro: Assobio ajuda cria a reconhecer progenitora após parto
Os golfinhos-comuns, Tursiops truncatus, “assobiam” dez vezes mais do que o normal depois de dar à luz. O objectivo é ajudar a cria a reconhecer a sua progenitora, segundo um estudo norte-americano publicado na revista “Marine Mammal Science”.