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Clínicas Veterinárias

Relações no trabalho: sim ou não?

médicos veterinários a avaliarem cão

No Dia dos Namorados decidimos abordar as relações no local de trabalho: os tipos de relações que frequentemente se estabelecem, o que deve e o que não deve fazer nestas situações e como evitar situações de ‘crise’ em alturas em que algo corre menos bem.

O mote foi dado por Carin Smith, que na revista Veterinary Team Brief escreveu que “as relações no local de trabalho variam entre amizades a ligações íntimas, mas todas afetam o trabalho. Os observadores podem sentir-se tratados de forma injusta e ignorados por aqueles numa relação”.

Existem empresas em que o código interno proíbe relacionamentos entre colegas de trabalho, mas de acordo com a médica veterinária proibir relações entre colegas pode não ser a melhor prática. “Como líder, a melhor abordagem é educar para a prevenção”. A VETERINÁRIA ATUAL falou com Elisabete Capitão, médica veterinária, que partilha da mesma opinião. Segundo a responsável, “não me parece correto ‘regular’ os relacionamentos interpessoais dos nossos colaboradores, mas acho que, quando envolvidos nestas situações, devemos usar o nosso pragmatismo e esclarecer junto das envolvidos os prós e contras, deixando claro que as regras do jogo.”

Ainda assim, muitas organizações optam por criar ‘políticas de confraternização’. Medidas que proíbem relações entre supervisores e os seus subordinados ou entre qualquer membro da equipa. Existem ainda outras que fazem contratos que obrigam as suas equipas a revelar as relações que possam existir entre membros de trabalho e que estabelecem um conjunto de códigos de conduta sobre como as pessoas devem agir.

Medidas como estas são, obviamente, difíceis de implementar. Por isso, se quer garantir relações saudáveis na sua organização, deve estabelecer algumas regras, segundo Carin Smith:

  • Garanta que a sua clínica veterinária tem processos claros para lidar com possíveis queixas, incluindo, se possível, mais do que uma escolha de pessoas para lidar com esses assuntos, já que a pessoa a reportar pode ter um conflito pessoal;
  • Crie descrições das funções de cada um e listas de tarefas: o objetivo é criar estrutura dentro da organização;
  • Inclua na avaliação de performance a adesão de cada um dos membros da equipa ao código de conduta;
  • Não permita que as pessoas da sua equipa que têm relações pessoas se avaliem umas às outras;
  • A médica veterinária refere ainda que os membros da equipa devem ser especialmente cautelosos com relações com outros membros da equipa que estejam numa posição diferente. “Diferenças de poder inerentes à equipa de uma clínica significam que relações iguais são impossíveis, porque um membro provavelmente tem alguma influência no trabalho do outro”;
  • Relações entre colegas que estejam ao mesmo nível também são arriscadas.

Elisabete Capitão afirma que a maioria dos conflitos laborais surgem habitualmente “em duas grandes áreas”. Por um lado, “a ausência de regras, processos e boas práticas, ou se as existem, não foram devidamente comunicadas à equipa ou não são ‘vividas’ por quem as lidera, e por isso, como cada qual trabalha de acordo com o seu bom senso e isso, nem sempre alinha com os interesses do negócio”. Por outro, “a falta de consistência nas decisões e o favoritismo por parte de quem lidera ou toma decisões. Sempre digo, que as exceções existem e podem ser praticadas, mas de forma clara para que todos os elementos tomem conhecimento e não se inicie a famosa conversa entredentes de corredor.”

A médica veterinária sublinha ainda que “há um ditado popular que diz tudo: ‘onde ganhas o pão, não comas a carne’. No entanto, estaria a ser hipócrita, se não admitisse que por vezes, no nosso dia-a-dia profissional conhecemos pessoas interessantes, que pela convivência diária, podem tornar-se pessoas importantes para nós. Somos todos crescidos e todos já presenciámos situações em que relacionamentos pessoais dentro da mesma organização são advento de problemas. E não estou a falar apenas quando as coisas não correm bem, falo de toda a gestão de Recursos Humanos de horários e férias e outras decisões de gestão que possam ter que ser tomadas e muitas vezes não são (como um despedimento) porque vêm a lume as consequências morais dessa decisão.”

 “O amor é lindo e deixa-nos todos mais predispostos a interagir de forma positiva, tanto com os colegas como com os clientes. Ouvimos dizer, que parece que tudo ‘flui’. Mas nem tudo são rosas, também sabemos que a cabeça tem mais dificuldade em focar-se na tarefa e surgem lapsos e erros com mais frequência, o que pode comprometer o nosso trabalho, serviço ao cliente e produtividade”, conclui.

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