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Opinião

A recomendação do desparasitante interno pelo enfermeiro veterinário no CAMV

Filipa Queirós Veterinária Atual

Como enfermeiros veterinários, todos reconhecemos a importância de uma boa desparasitação interna nos nossos pacientes. E, apesar dos tutores não terem uma real noção das complicações que os parasitas podem trazer à saúde dos seus animais, considero que este ainda é um dos procedimentos a que eles reconhecem mais importância. Por isso são muitos aqueles que visitam o CAMV à procura de desparasitante interno para os seus animais, inclusive muitos tutores que nunca levaram os seus animais ao CAMV. Cabe a todos nós, enfermeiros veterinários, estarmos preparados não só para oferecer a melhor solução para cada paciente, mas também para cada tutor.

Fazer uma breve anamnese (principalmente no caso de não ser um paciente habitual do CAMV) e ter um bom conhecimento dos produtos disponíveis são dois pontos que considero fundamentais para que se possa escolher o melhor desparasitante disponível para o paciente e, assim, garantir a satisfação do cliente. Mas muitas vezes é preciso um pouco mais do que isso para corresponder às expectativas do tutor que procura o CAMV.

Informações como espécie, idade, peso, zona geográfica onde vive, data da última desparasitação, se é visível a presença de parasitas e qual o seu aspeto, se o animal permite a administração de comprimidos, se faz viagens habitualmente e qual o seu estado geral são alguns dos dados que admito ser absolutamente obrigatório saber quando se procura o desparasitante mais apropriado para um paciente.

Não menos importante, tal como referido, é o conhecimento de todos os desparasitantes internos disponíveis no CAMV. A sua posologia, espectro de ação, via de administração e possíveis efeitos secundários são o conjunto de informações mínimas que devemos reunir acerca de cada um dos produtos que temos disponíveis. O cruzamento da informação obtida na anamnese e das características de cada produto deverão conduzir a nossa escolha quanto ao desparasitante mais adequado ao paciente e que, simultaneamente, corresponda às expectativas do cliente. A data de aplicação e as datas para repetição do tratamento devem ser indicadas segundo o plano de desparasitação interna recomendado aos tutores no nosso CAMV, que normalmente deverá seguir guidelines internacionais.

No entanto, esta breve anamnese e seleção do produto recomendado não devem ser vistas por nós, enfermeiros veterinários, como um ato “fechado”, mas sim como parte de um diálogo aberto com um tutor que nos procurou para o ajudar a resolver um problema. Muitas vezes durante este diálogo conseguimos identificar um grande leque de problemas do paciente e é de extrema importância que sejam oferecidas ao tutor todas as hipóteses de solução que temos ao nosso alcance, pois apenas assim podemos garantir a sua total satisfação. Em alguns casos, nesta pequena conversa com o tutor podemos detetar que há motivos imediatos para recomendar uma consulta com o médico veterinário. Neste tipo de situações devemos preocupar-nos em explicar ao tutor o porquê de considerarmos importante que seja feita uma avaliação pelo médico veterinário e procurar que esta fique agendada nesse momento. Em algumas situações considero que seja prudente desaconselhar a administração de qualquer desparasitante interno, por este poder representar algum risco para a saúde do paciente.

No entanto, nem todos os problemas identificados terão necessariamente que ser encaminhados para consulta. E caso não haja indicação para isso devemos procurar oferecer ao tutor soluções imediatas para as suas preocupações, por exemplo indicando a necessidade de aplicação de um desparasitante externo simultaneamente, ou sugerindo um alimento indicado para o paciente em questão. Alguns problemas comportamentais também podem ser frequentemente identificados neste diálogo, também nestas situações devemos apresentar ao tutor as soluções que temos disponíveis para o ajudar.

De um modo geral, para fazer um correto aconselhamento do desparasitante interno a utilizar devemos conhecer não só os produtos disponíveis no CAMV, mas também o paciente e as necessidades do seu tutor. Um cliente que se sinta ouvido, que veja as suas preocupações resolvidas, ou note que há vontade da nossa parte de o ajudar a resolvê-las será um cliente que irá reconhecer a importância e o valor do papel do enfermeiro veterinário no CAMV, será um cliente satisfeito, que volta. E, é sempre importante relembrar, o sucesso do nosso CAMV é o nosso sucesso.

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