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Medicina Veterinária

Quanto vale o sector veterinário em Portugal?

mercado veterinária Veterinária Atual

Qual o volume de negócios dos CAMVs nacionais? Qual a média de faturação? Temos essa estimativa de valores em Portugal? De acordo com Dilen Ratanji, da VetBizz Consulting, o setor veterinário em Portugal vale 155 milhões de euros.

“É esta a minha estimativa para o valor global do volume de negócios do mercado dos centros de atendimento médico-veterinários (CAMV), onde naturalmente o segmento dos animais de companhia predomina. Cerca de 1.100 empresas para um total de 1.300 CAMV, ou seja, uma média de 120 mil euros (m€) de faturação média por CAMV. Desde 2012, o mercado tem vindo a crescer a uma taxa anual de crescimento média [CAGR: compound annual growth rate] de 10,5%, tornando o sector veterinário extremamente apetecível. E se o negócio cresce é porque o mercado também está a aumentar, ou seja, o número de animais de estimação em solo português. Por outro lado, uma crescente preocupação social no bem-estar dos animais também contribui para um aumento das visitas dos donos de animais aos CAMVs”.

Para Dilen Ratanji, “o sector veterinário tem um rating positivo uma vez que, em 2016, cerca de 68% dos CAMV estavam cotados como tendo nível de risco baixo (vs. 64% em 2015), 31% com risco médio (vs. 35% em 2015) e apenas 1% com risco elevado (à semelhança do verificado no ano de 2015)”.

Estes são os indicadores económico-financeiros mais relevantes do sector veterinário. “Reportar-me-ei ao ano de 2015, pois oficialmente os dados de 2016 apenas estarão disponíveis em meados de 2017”:

  • O ciclo de tesouraria dos CAMV, apesar de não estar em níveis de excelência, é positivo: em média, cada CAMV tem um prazo médio de pagamentos de 56 dias (vs. 67 dias de 2014);
  • O EBITDA médio do sector de é aproximadamente 18 m€. Este indicador representa quanto uma empresa gera de recursos através das suas atividades operacionais, sem contar com impostos e depreciações. Um indicador relevante quando se realizam avaliações económico-financeiras das empresas;
  • O número médio de colaboradores por CAMV é de 3. Não se inclui neste valor os colaboradores que estejam em regime de prestação de serviços;
  • A média dos custos com pessoal sobre o total da faturação é de aproximadamente 37%, estando dentro do intervalo de referência considerado positivo na gestão veterinária. Um rácio acima dos 40% poderá ser sinónimo de improdutividade da equipa ou má gestão de outros recursos internos;
  • O ativo total (líquido) é de aproximadamente 137 m€, enquanto o passivo (os valores que a empresa deve a terceiros, como por exemplo os financiamentos bancários) ronda os 98 m€;
  • O resultado líquido (lucro) médio num CAMV é de 7,1 m€;
  • Os fornecimentos e serviços externos (FSE), que incluem as rendas, telecomunicações, energia, deslocações, estadas, entre muitas outras rubricas, têm um peso percentual relativo de 25%, posicionando-se no limite do intervalo de referência considerado aceitável (entre 20% e 25%);
  • O saldo médio dos depósitos bancários é de 21,5 m€ (vs. 19,3 m€ em 2014);
  • Apesar de haver inúmeras dívidas incobráveis nos CAMV, na realidade na maior parte das vezes não se registam como tal em termos contabilísticos;
  • A dívida corrente média (ainda cobrável) dos clientes é de 7,3 m€;
  • A rendibilidade financeira (quociente entre o resultado líquido e o capital próprio) é de 9,3%, abaixo do que seria naturalmente desejável, enquanto a solvabilidade (quociente entre o capital próprio e o passivo) é de 39%, ou seja, se uma empresa tiver que solver as suas obrigações, consegue-o fazer em 39% com os seus próprios capitais;
  • O rácio de autonomia financeira (quociente entre os capitais próprios e o ativo líquido) é de aproximadamente 28%, abaixo dos (pelo menos) 30% recomendados;
  • Segundo alguns gestores na área veterinária, o ciclo de tempo dos produtos em armazém (“shelf life”) deverá ser no máximo de 60 dias, sendo que no nosso sector veterinário este prazo médio de inventários em armazém é de 44 dias (vs. 46 dias em 2014). Apesar da gestão de stocks ser uma das grandes “dores de cabeça” nos CAMV, o “shelf life” encontra-se em níveis controlados.

“O sector veterinário em Portugal não é seguramente dos mais rentáveis do tecido empresarial, mas registo com agrado que vários indicadores económico-financeiros têm apresentado uma evolução bastante favorável nos últimos anos. E depois de ter assistido à evolução do sector em 2016, acredito que os números em 2017 serão ainda mais favoráveis que o ano anterior”, refere Dilen Ratanji.

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