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Preservativo feminino gratuito nos hospitais e centros de saúde

As mulheres portuguesas vão passar a ter acesso gratuito ao preservativo feminino nos hospitais e centros de saúde. Apesar deste método contraceptivo não ser muito popular entre a população feminina, acredita-se que se o seu acesso for facilitado, a sua utilização pode aumentar.

«Está a decorrer um concurso até Outubro para que o preservativo feminino possa integrar as compras do Estado», avançou ao “Diário de Notícias” Beatriz Casais, membro da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida.
«Pretende-se que os preservativos possam ser distribuídos em grandes quantidades nos hospitais e centros de saúde, tal como acontece com os preservativos masculinos», explicou a responsável.
O número de preservativos a fornecer às diversas unidades depende «dos pedidos feitos por cada Administração Regional de Saúde, elucidou também o presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco.
O prazo de apresentação das propostas por parte dos fornecedores termina em meados de Outubro, esperando-se «que os preservativos já estejam a ser distribuídos em 2009», adiantou.
A realidade é que o preservativo feminino não teve sucesso quando foi comercializado em Portugal, não só devido à dificuldade de colocação e de implicar prática, mas também devido ao seu custo elevado. Até 2003/2004, foram comercializadas «duas marcas nas farmácias, mas este negócio não se revelou rentável», contou Beatriz Casais.
De acordo com a responsável, a Coordenação Nacional distribuiu este ano 50 mil preservativos femininos «nas ruas, sobretudo para proteger as mulheres que se prostituem. Mas agora queremos alargar a distribuição a todas».
Neste sentido, a instituição pretende lançar uma campanha para as mulheres para que aquele meio anticoncepcional e de protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST) volte a ser introduzido no país.
«Em Dezembro vamos promover o uso do preservativo feminino e voltar a recolocá-lo no mercado. A existência em exclusivo de preservativos masculinos torna a mulher vulnerável, porque é ao homem que cabe geralmente adquiri-los. Assim, a mulher torna-se independente e determina o seu uso», salientou Beatriz Casais.
Para que tal aconteça, um dos objectivos da coordenação consiste na promoção junto do sector privado da atractividade do produto. «Nós garantimos a sua divulgação e as empresas tratam da sua introdução no mercado», disse.

Portugueses compram cada vez menos preservativos
Os portugueses estão a comprar cada vez menos preservativos. Em média, vendem-se mensalmente menos dez mil embalagens do que há quatro anos.
Face a estes dados, várias associações e organismos que lutam para a prevenção do VIH/sida mostram-se preocupados, mas não surpreendidos devido à falta de campanhas de sensibilização e à sua ineficácia.
«As campanhas não estão a funcionar. Diz-se que a sida está a diminuir, mas todas as semanas chegam-nos novos casos de pessoas infectadas. Entre os heterossexuais a doença está a subir em flecha e de forma assustadora», alertou a presidente da Fundação Portuguesa Contra a Sida, Filomena Frazão, citada pelo “Jornal de Notícias”.
No final do ano passado foram diagnosticados 32.491 casos de infecção no país, mais 2.125 do que os registados em Dezembro de 2006.
E, apesar de a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida alertar para o facto de «a evolução da epidemia ainda não estar estabilizada», os portugueses revelam-se indiferentes aos riscos associados a relações sexuais desprotegidas, segundo alguns responsáveis pela luta contra a doença.
A aquisição de preservativos não pára de descer desde 2004, altura em que se venderam 853.992 embalagens, mais 116.207 do que em 2007, segundo dados da consultora IMS Health, divulgados à “Lusa”.
Em média, foram comercializadas mais de 71 mil caixas de preservativos por mês. Já no ano passado as vendas mensais não ultrapassaram as 61 mil embalagens. E o primeiro semestre de 2008 confirma a tendência, ou seja, em média, venderam-se 56 mil embalagens mensalmente, menos cinco mil do que em 2007.
«Não acredito que tenha havido uma diminuição do número de relações sexuais que justifique a quebra na venda de preservativos. As pessoas confiam demasiadamente e não têm comportamentos de acordo com a informação de que dispõem», comentou o presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, Santinho Martins.
Já a presidente da Associação Abraço, Margarida Martins, responsabiliza a fraca aposta na prevenção, sobretudo em campanhas direccionadas aos jovens heterossexuais, lembrando que o desconhecimento é tanto que «muitos ainda acham que a sida se previne com a pílula». «Quando devia aumentar o uso de preservativos, a sua utilização está a cair. As pessoas acham que a sida estabilizou em Portugal, mas não sabem que o país tem a segunda pior taxa de incidência da Europa, a seguir à Ucrânia», lamentou a responsável.

 
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