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Portugueses identificam ligação molecular entre metabolismo do colesterol e infecção por malária

O consórcio internacional liderado por investigadores portugueses do Instituto de Medicina Molecular e duas empresas biotecnológicas sediadas na Alemanha e Estados Unidos (Cenix BioScience e Alnylam Pharmaceuticals, respectivamente), publicou ontem um trabalho na revista “Cell Host & Microbe” que revela a ligação molecular entre o metabolismo do colesterol e a infecção por malária.

Segundo o comunicado emitido, a equipa aplicou a tecnologia de RNAi (RNAi – RNA de interferência; tecnologia baseada em pequenas moléculas de RNA usadas para silenciar a expressão genética) para identificar um regulador da entrada de colesterol nas células humanas como um importante factor nos mecanismos de infecção por malária.
A investigação demonstra que a fase precoce de infecção por malária nos humanos, que ocorre no fígado e é anterior ao estabelecimento dos sintomas da malária, envolve uma proteína humana, chamada SR-BI (scavenger receptor BI), que constitui um importante factor regulador da assimilação de colesterol.
«A malária é um problema mundial grave, responsável por 2 milhões de mortes por ano. Apesar do esforço de investigação desenvolvido a nível mundial, os mecanismos moleculares da infecção da malária estão por desvendar», explicou
Maria Mota, investigadora do IMM.
Os dados agora revelados podem, com efeito, permitir o desenvolvimento de novas abordagens profiláticas no combate à malária. «O nosso trabalho revela um potencial para novas profilaxias para a malária, ao identificar uma importante ligação molecular que evidencia a importância crítica de uma proteína humana para a fase precoce da infecção por malária», acrescentou a investigadora.
O desenvolvimento de novas profilaxias contra a malária pelo consórcio formado tem sido fomentado pelo programa de malária resultante da parceria entre o
IMM e a Cenix.
«As várias moléculas cujo efeito de inibição do SR-BI foi demonstrado neste estudo são candidatas interessantes para o desenvolvimento de novas opções profiláticas», afirmou o director executivo e científico da Cenix, Christophe Echeverri, acrescentando que o facto de o mecanismo de acção destas moléculas ser baseado no hospedeiro promete uma potencial protecção mais poderosa contra a emergência de espécies de parasitas da malária resistentes, em comparação com as profilaxias focadas nos mecanismos moleculares dos parasitas».
«Sentimo-nos particularmente recompensados por a nossa tecnologia de silenciamento de genes em animais ter tido novamente um papel importante na caracterização de novos potenciais alvos para o combate contra a malária. Ansiamos por continuar a apoiar os esforços que decorrem para combater esta e outras ameaças à saúde mundial», contou Victor Kotelianski, da empresa.

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