A Dermatologia Veterinária ainda é um mundo em constante descoberta. Para Ana Mafalda Lourenço, docente da FMV-UL, as novidades mais relevantes referem-se à área de alergologia, com “o surgimento de novas estratégias terapêuticas para o maneio da dermatite atópica, nomeadamente a disponibilização do oclacitinib, fármaco de elevada eficácia no maneio do prurido e o reconhecimento do benefício da utilização de corticosteroides de forma proactiva, ou seja, preventiva de crises, resultante de um trabalho recentemente publicado e realizado na FMV-UL. Também há dados promissores no que respeita ao diagnóstico das reações adversas ao alimento, com novas formas de diagnóstico a começarem a ser usadas e estudadas de forma rigorosa e independente. Se provarem a sua validade, este será certamente um grande avanço”.
Durante a prática clínica dos últimos anos, Ana Mafalda Lourenço tem assistido ao aumento de casos de “infeções cutâneas e oncológicas recentes”, o que faz com que um dos desafios da atualidade, na sua opinião, sejam precisamente “o adequado maneio de infeções por bactérias resistentes e a sua adequada prevenção”.
Para Diana Ferreira, médica veterinária que fez residência em Dermtologia Veterinária na Fundaciò Hospital Clinic Veterinari, da Universidad Autonoma de Barcelona, algumas inovações e descobertas na área têm sido fulcrais, como “o maneio terapêutico da dermatite atópica canina (DAc) que é sempre um tema de grande interesse por parte dos clínicos por ser uma doença que tão frequentemente aparece no dia-a-dia do clínico. A DAc é uma doença com sintomas muito expressivos, que alteram a qualidade de vida do paciente e do dono e, portanto, o controlo eficaz destes sintomas, com pouco risco para o paciente, assume uma importância muito grande”. As novidades que têm surgido nesta área revelam-se “muito úteis na clínica diária”.
Por outro lado, “a recente descoberta do papel da IL-31, uma citoquina pruritogénica e pró-inflamatória, na indução do prurido em cães com DA deu origem a uma das novas opções terapêuticas, o oclacitinib. A IL-31 abriu as portas a outras vias de inibição da sua ação. A mais recente novidade foi o desenvolvimento da terapia com anticorpos monoclonais anti-IL-31. Esta é uma opção terapêutica inovadora. O tratamento é mensal, injetado por via subcutânea e parece ser bastante promissor”, afirma.
Os problemas da pele acabam por ser motivo de constante investigação. A comprová-lo estão as novas terapias. “São incríveis os avanços que todos os anos se fazem no estudo das doenças de pele. Constantemente surgem novos produtos que melhoram os tratamentos”, explica Carolina Mesquita, médica veterinária responsável pela PeloVet. Para estar a par das últimas novidades, a médica veterinária sugere que se assista ao maior número de congressos e cursos possível, e recomenda a leitura regular do “Veterinary Dermatology – revista da European Society for Veterinay Dermatology e aceder ao site www.cliniciansbrief.com”.
O Vet Summit surge como um evento de referência para chamar à atenção para alguns destes temas. “Estes eventos são importantes porque são momentos de atualização de conhecimentos intensivos. Entramos em contacto com colegas que, enquanto especialistas em determinadas áreas, têm uma formação profunda e uma proximidade incomparável com temas muito específicos. A sua visão e abordagem aos casos nas áreas que dominam é muito específica e baseada em evidência. São eventos ricos. É uma forma de atualizarmos e melhorarmos as nossas práticas clínicas e um momento de troca de experiências onde se criam oportunidades”, sublinha Diana Ferreira.